Summary: | O presente artigo apresenta o trabalho da artista feminista norte-americana Mierle Laderman Ukeles (1939) em sua contestação pela visibilização dos trabalhos de “manutenção”. Ao longo de 40 anos, Ukeles tem se dedicado a pensar a arte como um processo que se assemelha à vida cotidiana, sobretudo nas atividades de manutenção diária e sempre repetida da vida que sustentam as sociedades. Desde 1977, Ukeles é artista residente no Departamento de Saneamento da cidade de Nova Iorque, evidenciando seu profundo engajamento com a cidade e a reprodução da vida coletiva. Em 1969, ao escrever o Maintenance Art Manifesto!, um marco na história da arte feminista, desafia o papel social da mulher no âmbito doméstico, expandindo a questão de sua “arte de manutenção” à esfera pública e urbana. Ao evidenciar o baixo status social associado às atividades de manutenção – cuidado de crianças, idosos, limpeza, cozinhar, lavar –, a artista torna essas atividades públicas tanto ao publicizar seu trabalho doméstico quanto ao realizá-las na rua e nos museus de arte. Assim, este artigo toma como método a análise de imagem para debater a obra de Ukeles à luz dos conceitos de partilha do sensível (RANCIÈRE, 2009).
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