Otimismo e silenciamento

O presente artigo tem como objetivo explorar as violências simbólicas produzidas pela difusão do otimismo pela propaganda oficial da ditadura civil-militar brasileira, através do mecanismo do silenciamento. Ao lado do crescimento do aparato repressivo estatal, houve também um processo de construção...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Júlia Boor Nequete
Format: Article
Language:Spanish
Published: Universidade de Brasília 2021-06-01
Series:Em Tempo de Histórias
Subjects:
Online Access:https://periodicos.unb.br/index.php/emtempos/article/view/37184
Description
Summary:O presente artigo tem como objetivo explorar as violências simbólicas produzidas pela difusão do otimismo pela propaganda oficial da ditadura civil-militar brasileira, através do mecanismo do silenciamento. Ao lado do crescimento do aparato repressivo estatal, houve também um processo de construção de imagens legitimadoras do Estado estabelecido após o golpe de 1964. Neste sentido, a ditadura fez uso de órgãos que pudessem edificar e fazer circular imagens favoráveis ao projeto nacional que estava em jogo, vinculando a estas imagens importantes aspectos da chamada Doutrina de Segurança Nacional (DSN). Além da AERP (Assessoria Especial de Relações Públicas), houve o crescente uso da Agência Nacional (AN) enquanto órgão responsável pela realização de sua propaganda política, através dos cinejornais e documentários. Desta forma, a ditadura civil-militar investiu em criar imagens sobre o país através do otimismo e da promoção da ideia de “Brasil Grande”, ressignificando imagens que já estavam presentes no imaginário social brasileiro de acordo com a sua visão de projeto político nacional e nas premissas da DSN. Para esta imagem sobre o país ser construída, a questão da Amazônia, uma questão histórica nacional, é de suma importäncia, sobretudo, para a integração nacional, tema caro aos militares. Este tema ganhou grande destaque com a construção da rodovia Transamazônica, através da qual o regime  construiu e alimentou narrativas otimistas sobre os rumos nacionais e, sobretudo, elaborou imagens legitimadoras de si. Através da Análise Fílmica pudemos analisar o universo simbólico construído através das representações da Amazônia e da Transamazônica, que nos evidenciam como os silenciamentos que a ditadura promoveu sobre o país corresponderam a uma ferramenta que promoveu, entre otimismo e silenciamentos, violências simbólicas à própria sociedade brasileira e, neste caso, principalmente às comunidades indígenas locais.
ISSN:1517-1108
2316-1191