EOSINOPENIA COMO FATOR PREDITIVO DE GRAVIDADE EM PACIENTES PEDIÁTRICOS INTERNADOS POR COVID-19

Objetivo: Avaliar o primeiro hemograma realizado de crianças entre zero a 10 anos de idade com COVID-19 e relacionar seus parâmetros com a gravidade clínica. Materiais e métodos: Estudo de coorte retrospectivo (15/03/2020 a 15/09/2020) com dados do hemograma e PCR do prontuário à admissão hospitalar...

Full description

Bibliographic Details
Main Authors: TS Vilela, JAP Braga, P Grizante-Lopes, JM Beatrice, J Emerenciano, A Angel, SR Loggetto
Format: Article
Language:English
Published: Elsevier 2021-10-01
Series:Hematology, Transfusion and Cell Therapy
Online Access:http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2531137921006283
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description Objetivo: Avaliar o primeiro hemograma realizado de crianças entre zero a 10 anos de idade com COVID-19 e relacionar seus parâmetros com a gravidade clínica. Materiais e métodos: Estudo de coorte retrospectivo (15/03/2020 a 15/09/2020) com dados do hemograma e PCR do prontuário à admissão hospitalar em dois hospitais na cidade de São Paulo, um privado e um hospital universitário. Foram avaliados, além de valores numéricos, dados categóricos quanto a presença ou não de alterações respeitando as referências para cada faixa etária. Feita avaliação das razões entre as células do leucograma e plaquetas: razão plaquetas/linfócitos, razão neutrófilos/linfócitos (NLR), razão neutrófilos/monócitos, razão linfócitos/neutrófilos, razão linfócitos/monócitos, razão monócitos/neutrófilos e razão monócitos/linfócitos. Resultados: Foram incluídas 93 crianças (idade entre 0,30–126 meses, mediana 19 meses), sendo destes 56 meninos (60,2%). Receberam alta após avaliação no pronto-socorro 24/93 (25,8%) pacientes, ficando internados 69 (74,2%). Não houve associação entre idade, sexo e valor de PCR com internação ou com a gravidade clínica. Doença de base esteve presente em 29/69 (42%) pacientes internados, enquanto que nos 24 que não internaram, esteve presente em 3 (12,5%). As crianças com alguma doença de base têm 5,08 (95% IC 1,56–22,9) vezes mais chance de internar em relação àquelas sem doença de base; no modelo ajustado para a idade, a OR foi de 4,63 (95% IC 1,36–21,59). As crianças com NLR maior (média 2,42 para o grupo internado contra 1,20 para o grupo não internado) tem 54% mais chance de internação (OR 1,54, 95% IC 1,10–2,41). Do total das crianças internadas, 21/69 (30,4%) evoluíram para uma condição crítica (sepse, síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica – SIM-P, suporte ventilatório avançado ou óbito). A proporção de crianças críticas com eosinopenia é 3,05 vezes maior que aquelas sem eosinopenia (OR 3,05, 95% IC 1,07–9,39); ajustando o modelo para a idade, houve aumento para 5,27 (95% IC 1,62–19,35). Um óbito ocorreu nessa população por SIM-P em criança com neuropatia de base. Discussão: O conhecimento das alterações no hemograma de crianças entre 0 e 10 anos de idade ainda é escasso e possíveis fatores preditivos para gravidade que sejam de fácil acesso aos sistemas de saúde devem ser investigados. A NLR é um fator preditivo importante para doença grave e mortalidade em adultos com COVID-19. Neste estudo, na avaliação inicial no pronto socorro, as crianças com NLR maior têm maior probabilidade de apresentar um quadro clínico que exija internação. Os eosinófilos, por sua vez, têm papel na resposta imune adaptativa e na imunidade inata, com capacidade pro-inflamatória e destrutiva, estando sua presença no hemograma inicial relacionada como marcador infeccioso. A eosinopenia foi descrita em adultos com COVID-19 como um fator de pior prognóstico, sendo frequente nos pacientes com êxito letal. Este estudo demonstrou que, uma vez internadas, a eosinopenia também esteve relacionada com a gravidade da COVID-19 em crianças. Conclusão: Crianças com COVID-19 e doença de base ou NLR maior no pronto socorro são mais propensas a internar. Existe relação entre eosinopenia no hemograma à admissão hospitalar como fator preditivo de gravidade para crianças internadas com COVID-19.
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