AMADEO NA MIRA DE UM NARRADOR DESAPAIXONADO
A tensão entre o autor, inicialmente talhado para fazer uma biografia histórica, e a personagem biografada converte-se num genial ato criador, a várias vozes. Entre elas, ouvem-se os murmúrios de um narrador desapaixonado, ressentido até com a personagem histórica que lhe coube em sorte. Daí que Már...
Main Author: | |
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Format: | Article |
Language: | English |
Published: |
Imprensa da Universidade de Coimbra
2014-07-01
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Series: | Revista de Estudos Literários |
Subjects: | |
Online Access: | https://impactum-journals.uc.pt/rel/article/view/2760 |
Summary: | A tensão entre o autor, inicialmente talhado para fazer uma biografia histórica, e a personagem biografada converte-se num genial ato criador, a várias vozes. Entre elas, ouvem-se os murmúrios de um narrador desapaixonado, ressentido até com a personagem histórica que lhe coube em sorte. Daí que Mário Cláudio projete, quase involuntariamente, Amadeo de Souza Cardoso para um horizonte ficcional, em que a desconfiança e a subjetividade se refinam na subtileza deste olhar magoado, pontuado de ira, que ultrapassa o pacto silencioso de quem reconstitui factos e alinha datas.
Nesse sentido, propomo-nos analisar as feições do narrador que ora observa Amadeo, ora se esconde por detrás das máscaras de Álvaro e de Frederico. Veremos que por entre a Trilogia da Mão, perpassa um olhar multímodo – de desprezo, de ternura e de admiração – que recai sobre o pintor de Manhufe sem complacências, segredando-lhe acusações de sobranceria e arrogância.
Como se processa a figuração da personagem na relação tensional com os seus narradores? Cremos ser possível dar uma resposta a esta questão a partir da derrisão da biografia e da reconfiguração do estatuto relacional biógrafo/biografado, bem como da reequacionação do lugar do narrador de Amadeo.
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ISSN: | 2182-1526 2183-847X |