O Ethos do dicionarista, um olhar sobre o prefácio
As ideias que habitam este texto tiveram como primeira morada a tese Vozes na colônia, um estudo discursivo sobre os dicionários gerais de língua, recentemente defendida. A pesquisa buscava trilhar, pelo viés da modalização nas acepções dos verbetes, os caminhos pelos quais diferentes vozes atravess...
Main Author: | |
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Format: | Article |
Language: | English |
Published: |
Universidade Federal de Santa Catarina
2013-08-01
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Series: | Cadernos de Tradução |
Subjects: | |
Online Access: | https://periodicos.ufsc.br/index.php/traducao/article/view/30029 |
Summary: | As ideias que habitam este texto tiveram como primeira morada a tese Vozes na colônia, um estudo discursivo sobre os dicionários gerais de língua, recentemente defendida. A pesquisa buscava trilhar, pelo viés da modalização nas acepções dos verbetes, os caminhos pelos quais diferentes vozes atravessam a trama discursiva dos dicionários gerais de língua no corpus constituído pelos dicionários Houaiss (2009) e Aurélio (2010), em suas edições mais recentes, já adequadas ao novo acordo. Ao buscar essas vozes, tentamos entender o dicionário como um gênero que é múltiplo mesmo em sua essência, posto que agrega outros gêneros, como verbetes, prefácio, bibliografia, apresentação. Também nos serviu de norte o conceito de que, como todo gênero, o dicionário é um construto social, que se ergue na confluência das necessidades de comunicação e possui regras de um contrato, que se estabelece, no seu caso, entre autor (dicionarista) e leitor (consulente). As duas obras que serviram de corpus para pesquisa, e cujos prefácios observaremos aqui, são resultado de um trabalho forjado em equipe, de modo que o nome dos autores constitui uma chancela de qualidade em vez de marcar a autoria do produto. Assim, entendendo que o sujeito produtor do enunciado não é único, estabelecemos o dicionarista como uma entidade discursiva e delineamos seu ethos por meio das características da obra lexicográfica e do seu produtor pinceladas em diferentes textos metalexicográficos, como os de Margarita Correia (2009), Francisco da Silva Borba (2003), Maria Teresa C. Biderman (1984, 1998), José Horta Nunes (2002), Claudia Xatara (2011) e Hebert Welker (2004, 2006). Além da metalexicografia, nos guiaram os estudos de Dominique Maingueneau (1997, 2000), Patrick Charaudeau e Maingueneau (2006) e Ruth Amossy (2005) sobre polifonia e ethos discursivo. Partindo do que se diz do dicionário para dentro dele, no prefácio, podemos observar que regras do contrato se aplicam e como se delineiam para o consulente, nos textos de apresentação, os dicionaristas e, como consequência, suas obras. Nos prefácios que analisamos aqui, vemos o dicionarista como uma figura de autoridade da língua, sábio, estudioso, confiável, pesquisador meticuloso e criterioso, modestamente retratado quando fala de si mesmo, grandemente enobrecido quando retratado por outro. |
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ISSN: | 1414-526X 2175-7968 |