A caminhada de uma médica com a morte

"Médicos são gente estranha. Eles beliscam uma porção enorme de informação na escola de medicina. Eles são inteligentes demais para não perceberem a incrível distância entre o que eles sabem e o que há para aprender. Eles dedicam suas horas conscientes a memorizar gotinhas do grande oceano da...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Martha Morse
Format: Article
Language:Portuguese
Published: Universidade Estadual de Maringá 2021-04-01
Series:Revista Espaço Acadêmico
Subjects:
Online Access:https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/58803
Description
Summary:"Médicos são gente estranha. Eles beliscam uma porção enorme de informação na escola de medicina. Eles são inteligentes demais para não perceberem a incrível distância entre o que eles sabem e o que há para aprender. Eles dedicam suas horas conscientes a memorizar gotinhas do grande oceano da informação. Eles aprendem estruturas anatômicas triviais e imediatamente as esquecem. Eles se juntam a grupos de médicos mais experientes e ouvem perguntas para as quais eles não sabem a resposta. Eles despertam ainda com os olhos cheios de sono e caminham por corredores iluminados a neon e se sentem inadequados e pequenos... Inevitavelmente, eles perdem sua empatia pela dor. A cascata de dor que eles ouvem de inúmeros pacientes gasta a sua sensibilidade. Afinal de contas, os médicos tiveram que renunciar a tantas coisas a fim de serem bem sucedidos. Eles aguentaram sua própria humilhação dolorosa. Eles aprenderam que a dor é simplesmente um mecanismo de alerta; ela não é real. É de se admirar que nossos gritos de dor se esvaziam em um vácuo quando médicos estão na mesma sala?" (Shapiro D. Mom’s Marijuana. Nevada City, CA: Harmony Books, 2000.)
ISSN:1519-6186