A pandemia Covid-19 enfraqueceu o populismo?

Este artigo analisa a evolução do discurso político do líder do partido populista português, André Ventura, após a sua eleição como deputado em 2019 e nos anos de 2020 e 2021, marcados pela pandemia Covid-19 e pelas eleições presidenciais, nas quais obteve um resultado muito superior ao obtido pelo...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Estrela Serrano
Format: Article
Language:English
Published: Coimbra University Press 2022-05-01
Series:Media&Jornalismo
Subjects:
Online Access:https://impactum-journals.uc.pt/mj/article/view/11396
Description
Summary:Este artigo analisa a evolução do discurso político do líder do partido populista português, André Ventura, após a sua eleição como deputado em 2019 e nos anos de 2020 e 2021, marcados pela pandemia Covid-19 e pelas eleições presidenciais, nas quais obteve um resultado muito superior ao obtido pelo seu partido nas eleições legislativas anteriores. Com base na literatura académica sobre populismo e situações de crise (Brubaker, 2021; Seedhouse, 2020) e em ensaios de académicos publicados em media internacionais (Jenning, 2020; Luciano, 2020), o artigo passa em revista o efeito da pandemia Covid-19 no apoio aos governos a nível internacional independentemente da sua ideologia, e detém-se na circunstância de em Portugal, apesar dos elevados índices de apoio ao governo socialista, o partido populista Chega, na oposição, ter sido o único a crescer. Usando uma metodologia qualitativa baseada na análise de conteúdo de um conjunto de intervenções públicas do líder populista português em momentos-chave do seu percurso político, emitidas em formatos mediáticos diversificados, o artigo conclui que o discurso de André Ventura se manteve focado nos temas nucleares do seu programa populista, independentemente do contexto pandémico. A análise identifica inconsistência e volatilidade no seu discurso e nas suas posições sobre a pandemia Covid-19, com posições ambíguas entre aceitação inicial e negação posterior de restrições e vacinas, adaptando as suas posições às reacções dos seus apoiantes e de grupos inorgânicos, como os negacionistas.
ISSN:1645-5681
2183-5462