Mito da cidade-global: o papel da ideologia na produção do espaço terciário em São Paulo

A "cidade-global" vem sendo difundida como o único modelo urbano capaz de garantir a sobrevida das cidades no "novo" contexto da "globalização da economia". A cidade de São Paulo não foge desse rótulo. Entretanto, os dados empíricos mostram que ela não apresenta nenhum...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: João Sette Whitaker Ferreira
Format: Article
Language:English
Published: Universidade de São Paulo (USP) 2004-12-01
Series:Pós: Revista do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da FAUUSP
Subjects:
Online Access:http://revistas.usp.br/posfau/article/view/43384
Description
Summary:A "cidade-global" vem sendo difundida como o único modelo urbano capaz de garantir a sobrevida das cidades no "novo" contexto da "globalização da economia". A cidade de São Paulo não foge desse rótulo. Entretanto, os dados empíricos mostram que ela não apresenta nenhum dos atributos típicos da "cidade-global". Isso não impede que o discurso dominante do pensamento único neoliberal, que tem como paralelos urbanos as teorias da "cidade-global", do "planejamento estratégico" e do "marketing de cidades", imponha uma visão - mais ideológica do que real - segundo a qual esses modelos seriam as únicas opções de urbanização aceitáveis. Apoiando-se nessa falsa realidade, os empreendedores urbanos da cidade conseguem canalizar os recursos públicos, de forma a sustentar a construção de supostas "centralidades globais terciárias", desviando, assim, as políticas públicas das prioridades prementes ligadas a uma demanda social cada vez mais dramática. Uma análise mais pormenorizada mostra que a dinâmica de produção do espaço em São Paulo é baseada em coalizões entre as elites urbanas locais e o poder público, nada tendo, de "moderna", e muito menos de "global", sendo, na verdade, a expressão urbana das tradicionais e arcaicas relações sociais típicas do "patrimonialismo" brasileiro.
ISSN:1518-9554
2317-2762