<i>Her</i>: pode um sistema operacional ocupar o lugar de sujeito?

Pretendemos analisar o filme Her, de Spike Jonze seguindo os fundamentos da psicanálise e alguns apontamentos da linguística da enunciação. Trata-se de uma história futurista, cujo protagonista, Theodore, está imerso em um vazio que ele procura preencher com jogos e relações virtuais, numa tentativa...

Full description

Bibliographic Details
Main Authors: Leda Verdiani Tfouni, Juliana Bartijotto, Aline Reck Padilha Abrantes
Format: Article
Language:English
Published: Universidade Estadual de Maringá 2019-05-01
Series:Acta Scientiarum: Language and Culture
Subjects:
Online Access:http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/ActaSciLangCult/article/view/44145
_version_ 1818114299961278464
author Leda Verdiani Tfouni
Juliana Bartijotto
Aline Reck Padilha Abrantes
author_facet Leda Verdiani Tfouni
Juliana Bartijotto
Aline Reck Padilha Abrantes
author_sort Leda Verdiani Tfouni
collection DOAJ
description Pretendemos analisar o filme Her, de Spike Jonze seguindo os fundamentos da psicanálise e alguns apontamentos da linguística da enunciação. Trata-se de uma história futurista, cujo protagonista, Theodore, está imerso em um vazio que ele procura preencher com jogos e relações virtuais, numa tentativa vã de não se haver com a castração, que é estrutural. O título, um pronome oblíquo (her), já indicia a impossibilidade, visto que her não pode ser sujeito nem entrar na troca característica da intersubjetividade. Funda-se, assim, um impossível de ser sujeito que Samantha tenta contornar colocando-se como sujeito universal absoluto. Samantha é uma voz sem corpo. Mas seria da ordem do possível um sujeito sem corpo biológico, como é o caso de Samantha? Consideramos que o corpo, além de seus aspectos simbólico e imaginário, é constituído por matéria, ou seja, sua biologia é determinante. O sistema é um objeto programado para responder à demanda de seu usuário, e falha, porque para o desejo não há objeto, e quando algo é colocado no lugar, a angústia emerge. Quando a voz de Samantha deixa de ressoar no ouvido de Theodore, este se dá conta de que não há Outro do Outro que possa garantir a completude e é nessa falta que o sujeito surge. A estrutura do Outro constitui um vazio - o vazio da falta - que possibilita a Theodore autorizar-se a legitimar a própria voz.
first_indexed 2024-12-11T03:48:32Z
format Article
id doaj.art-6c5784ce7104490a8b1964c75fa16478
institution Directory Open Access Journal
issn 1983-4675
1983-4683
language English
last_indexed 2024-12-11T03:48:32Z
publishDate 2019-05-01
publisher Universidade Estadual de Maringá
record_format Article
series Acta Scientiarum: Language and Culture
spelling doaj.art-6c5784ce7104490a8b1964c75fa164782022-12-22T01:21:57ZengUniversidade Estadual de MaringáActa Scientiarum: Language and Culture1983-46751983-46832019-05-01411e44145e4414510.4025/actascilangcult.v41i1.4414544145<i>Her</i>: pode um sistema operacional ocupar o lugar de sujeito?Leda Verdiani Tfouni0Juliana Bartijotto1Aline Reck Padilha Abrantes2Universidade de São PauloUniversidade de São PauloUniversidade de São PauloPretendemos analisar o filme Her, de Spike Jonze seguindo os fundamentos da psicanálise e alguns apontamentos da linguística da enunciação. Trata-se de uma história futurista, cujo protagonista, Theodore, está imerso em um vazio que ele procura preencher com jogos e relações virtuais, numa tentativa vã de não se haver com a castração, que é estrutural. O título, um pronome oblíquo (her), já indicia a impossibilidade, visto que her não pode ser sujeito nem entrar na troca característica da intersubjetividade. Funda-se, assim, um impossível de ser sujeito que Samantha tenta contornar colocando-se como sujeito universal absoluto. Samantha é uma voz sem corpo. Mas seria da ordem do possível um sujeito sem corpo biológico, como é o caso de Samantha? Consideramos que o corpo, além de seus aspectos simbólico e imaginário, é constituído por matéria, ou seja, sua biologia é determinante. O sistema é um objeto programado para responder à demanda de seu usuário, e falha, porque para o desejo não há objeto, e quando algo é colocado no lugar, a angústia emerge. Quando a voz de Samantha deixa de ressoar no ouvido de Theodore, este se dá conta de que não há Outro do Outro que possa garantir a completude e é nessa falta que o sujeito surge. A estrutura do Outro constitui um vazio - o vazio da falta - que possibilita a Theodore autorizar-se a legitimar a própria voz.http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/ActaSciLangCult/article/view/44145sujeitooutrofaltaobjeto.
spellingShingle Leda Verdiani Tfouni
Juliana Bartijotto
Aline Reck Padilha Abrantes
<i>Her</i>: pode um sistema operacional ocupar o lugar de sujeito?
Acta Scientiarum: Language and Culture
sujeito
outro
falta
objeto.
title <i>Her</i>: pode um sistema operacional ocupar o lugar de sujeito?
title_full <i>Her</i>: pode um sistema operacional ocupar o lugar de sujeito?
title_fullStr <i>Her</i>: pode um sistema operacional ocupar o lugar de sujeito?
title_full_unstemmed <i>Her</i>: pode um sistema operacional ocupar o lugar de sujeito?
title_short <i>Her</i>: pode um sistema operacional ocupar o lugar de sujeito?
title_sort i her i pode um sistema operacional ocupar o lugar de sujeito
topic sujeito
outro
falta
objeto.
url http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/ActaSciLangCult/article/view/44145
work_keys_str_mv AT ledaverdianitfouni iheripodeumsistemaoperacionalocuparolugardesujeito
AT julianabartijotto iheripodeumsistemaoperacionalocuparolugardesujeito
AT alinereckpadilhaabrantes iheripodeumsistemaoperacionalocuparolugardesujeito