Escritas das asperezas: uma leitura de "Memórias do cárcere", de Graciliano Ramos
Partindo de três verbos utilizados no último parágrafo do primeiro capítulo de Memórias do cárcere, de Graciliano Ramos — esgueirar-se, fugir, esconder-se —, reveladores de um jogo montado pelo eu textual, interessa-me investigar, na construção do texto, a posição do narrador. Considerando o discurs...
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Published: |
Associação Internacional de Lusitanistas
2017-07-01
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Series: | Veredas |
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description | Partindo de três verbos utilizados no último parágrafo do primeiro capítulo de Memórias do cárcere, de Graciliano Ramos — esgueirar-se, fugir, esconder-se —, reveladores de um jogo montado pelo eu textual, interessa-me investigar, na construção do texto, a posição do narrador. Considerando o discurso como lugar de interação entre o social e o individual, onde eus diversos circulam entre a lei da sintaxe e a sintaxe da lei, importa examinar o trânsito desse eu, ora possuidor, ora possuído no jogo do gato e rato, nesse teatro/prisão tatuado no texto, um jogo a (des) velar suas regras. Tomando a cadeia e seu espaço como metonímia de espaços outros, investigo como o corpo mutilado e o edifício social carunchado fazem-se escritas das asperezas. Não apenas das asperezas da sociedade, mas também das asperezas do eu, metaforizadas pela boca seca, pela palavra áspera, pela escrita morosa, difícil, metaforizado pelo abscesso que se desenvolvia debaixo da unha do indicador, concretização do abscesso social e existencial.
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