Inibidores da bomba de protões e o risco de eventos adversos graves – uma bomba cardiovascular?

Resumo: Os inibidores da bomba de protões são atualmente uma das classes farmacológicas mais prescritas nos países desenvolvidos, dada a sua eficácia e perfil de segurança até então considerado favorável.Contudo ao longo dos últimos anos, têm sido publicados vários trabalhos que associam o uso prolo...

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Main Authors: Nelson Cunha, António Pedro Machado
Format: Article
Language:English
Published: Elsevier 2018-10-01
Series:Revista Portuguesa de Cardiologia
Online Access:http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0870255117306960
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author Nelson Cunha
António Pedro Machado
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description Resumo: Os inibidores da bomba de protões são atualmente uma das classes farmacológicas mais prescritas nos países desenvolvidos, dada a sua eficácia e perfil de segurança até então considerado favorável.Contudo ao longo dos últimos anos, têm sido publicados vários trabalhos que associam o uso prolongado destes fármacos a uma panóplia de efeitos adversos, colocando dúvidas acerca da sua segurança. Entre os efeitos adversos descritos, salienta‐se o aumento do risco de eventos cardiovasculares. Esta relação foi primeiramente descrita nos indivíduos após síndrome coronária aguda pela interferência dos inibidores da bomba de protões no citocromo P450 2C19 e a conversão do clopidogrel em metabolito ativo. No entanto, trabalhos mais recentes descrevem esta relação também com o uso de antiagregantes que não dependem da ativação pelo citocromo P450 2C19. O mecanismo proposto é pela inibição da dimetilarginina dimetilaminohidrolase, inibidor fisiológico da dimetilarginina assimétrica, aumentando assim as concentrações plasmáticas desta última enzima e por sua vez traduzindo‐se em níveis mais reduzidos de óxido nítrico.Os autores ao rever neste artigo a relação entre o uso de inibidores da bomba de protões e o risco acrescido de eventos cardio e cerebrovasculares, pretendem alertar a comunidade científica para os potenciais efeitos nefastos destes fármacos e recomendam a colocação de uma moratória à sua utilização prolongada. Abstract: Proton pump inhibitors are currently one of the most prescribed pharmacological classes in developed countries, given their effectiveness and safety profile, which has until now been considered favorable.However, in recent years, several papers have been published that associate prolonged use of these drugs with a wide range of adverse effects, posing doubts about their safety. Among the adverse effects described is an increased risk of cardiovascular events. This relationship was first described in subjects after acute coronary syndrome due to the interference of proton pump inhibitors in the cytochrome P450 2C19 and the conversion of clopidogrel to its active metabolite. More recent studies have also reported this relationship with the use of antiplatelet agents that do not depend on cytochrome P450 2C19 activation. The proposed mechanism is inhibition of dimethylarginine dimethylaminohydrolase, a physiological inhibitor of asymmetric dimethylarginine, which increases plasma concentrations of the latter enzyme, leading to lower levels of nitric oxide.By reviewing in this article the relationship between the use of proton pump inhibitors and increased risk of cardiovascular and cerebrovascular events, the authors aim to alert the medical community to the potentially harmful effects of these drugs, and recommend the setting of a moratorium on their prolonged use. Palavras‐chave: Inibidores da bomba de protões, Óxido nítrico, Síndrome coronária aguda, Acidente vascular cerebral, Keywords: Proton pump inhibitors, Nitric oxide, Acute coronary syndrome, Stroke
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