Ultraje, exílio e salvação: Filoctetes e José do Egipto
A imagem de Filoctetes, sustentada nuclearmente pelo testemunho trágico de Sófocles, atravessa obsessivamente toda a Literatura Grega, no amplo arco temporal que vai desde a aurora original, com os Poemas Homéricos, ao ocaso, no séc. IX, com Fócio de Constantinopla. Arrastado do conforto da pátria...
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| Language: | English |
| Published: |
UA Editora
2019-04-01
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| Series: | Forma Breve |
| Online Access: | https://proa.ua.pt/index.php/formabreve/article/view/1774 |
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| author | Ana Paula Pinto |
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A imagem de Filoctetes, sustentada nuclearmente pelo testemunho trágico de Sófocles, atravessa obsessivamente toda a Literatura Grega, no amplo arco temporal que vai desde a aurora original, com os Poemas Homéricos, ao ocaso, no séc. IX, com Fócio de Constantinopla. Arrastado do conforto da pátria pelo dever aristocrático de defender a honra dos pares, ferido pelos deuses e pela deslealdade dos companheiros, ele é obrigado a viver a condição excepcional de um exílio maior, que se confunde com a própria morte, isolado em Lemnos, até que sinais proféticos manifestem aos aqueus a exigência da sua pacificação e reintegração para a solução definitiva do conflito armado em Tróia.
Também na narrativa bíblica do Génesis (37 sqq), integrado numa história genealógica de traições familiares, a José, o filho preferido de Jacob, vítima do ressentimento dos irmãos, e forçado a assumir o exílio (simbolicamente vivido como orfandade e luto por ele e pela famíla), longe da casa e do amor paterno, caberá por desígnio divino a salvação dos que o ultrajaram. É, pois, no enquadramento de uma tipologia mítica comum, apoiada em mitemas afins (como o do ultraje e do exílio) e estruturas ficcionais similares, que nos propomos fazer a leitura simbólica do tema da culpa e da salvação presente em ambas as narrativas.
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| spelling | doaj.art-70571b124a5e46bf81ef95573a17e32f2023-11-23T05:54:12ZengUA EditoraForma Breve1645-927X2183-47092019-04-011510.34624/fb.v0i15.1774Ultraje, exílio e salvação: Filoctetes e José do EgiptoAna Paula Pinto0Universidade Católica Portuguesa/ CEFH A imagem de Filoctetes, sustentada nuclearmente pelo testemunho trágico de Sófocles, atravessa obsessivamente toda a Literatura Grega, no amplo arco temporal que vai desde a aurora original, com os Poemas Homéricos, ao ocaso, no séc. IX, com Fócio de Constantinopla. Arrastado do conforto da pátria pelo dever aristocrático de defender a honra dos pares, ferido pelos deuses e pela deslealdade dos companheiros, ele é obrigado a viver a condição excepcional de um exílio maior, que se confunde com a própria morte, isolado em Lemnos, até que sinais proféticos manifestem aos aqueus a exigência da sua pacificação e reintegração para a solução definitiva do conflito armado em Tróia. Também na narrativa bíblica do Génesis (37 sqq), integrado numa história genealógica de traições familiares, a José, o filho preferido de Jacob, vítima do ressentimento dos irmãos, e forçado a assumir o exílio (simbolicamente vivido como orfandade e luto por ele e pela famíla), longe da casa e do amor paterno, caberá por desígnio divino a salvação dos que o ultrajaram. É, pois, no enquadramento de uma tipologia mítica comum, apoiada em mitemas afins (como o do ultraje e do exílio) e estruturas ficcionais similares, que nos propomos fazer a leitura simbólica do tema da culpa e da salvação presente em ambas as narrativas. https://proa.ua.pt/index.php/formabreve/article/view/1774 |
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