Papel da via subcutânea nos cuidados paliativos domiciliários

Enquadramento: Cerca de 60% a 70% dos doentes em cuidados paliativos ficam, no decurso da doença, incapazes de utilizar a via oral (VO). Uma vez que os cuidados paliativos devem ser, idealmente, prestados no domicílio, o método de aplicação mais cómoda e simples deve ser providenciado. A via subc...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Filipa Almada Lobo
Format: Article
Language:English
Published: Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar 2007-11-01
Series:Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar
Subjects:
Online Access:https://rpmgf.pt/ojs/index.php/rpmgf/article/view/10425
Description
Summary:Enquadramento: Cerca de 60% a 70% dos doentes em cuidados paliativos ficam, no decurso da doença, incapazes de utilizar a via oral (VO). Uma vez que os cuidados paliativos devem ser, idealmente, prestados no domicílio, o método de aplicação mais cómoda e simples deve ser providenciado. A via subcutânea (SC), relativamente à endovenosa, é de mais fácil utilização no domicílio: não necessitando de profissionais de saúde para a sua administração, é menos dolorosa e pode ser utilizada durante períodos de tempo mais longos. Descrição do Caso: Mulher de 45 anos de idade, foi funcionária da Administração Pública até Março de 2005; Graffar de nível IV e APGAR Familiar de 9. Morou com o marido até essa data, e a partir daí também com a sua mãe. Não tinha filhos. Os antecedentes pessoais eram irrelevantes; ao nível dos antecedentes familiares, verificou-se o falecimento do pai por neoplasia pancreática. Em Março de 2005, recorreu ao seu médico de família por astenia, emagrecimento, dor abdominal e vómitos. Na sequência do estudo pedido, foi-lhe diagnosticada uma neoplasia do cólon sigmóide com metastização hepática. Em Maio, foi referenciada ao Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto, onde, em Junho, foi submetida a uma colectomia com colostomia. Entre Junho e Outubro, por dor não controlada e/ou vómitos, teve necessidade de recorrer várias vezes ao serviço de urgência (SU), apesar da grande debilidade física de que já sofria. Em Outubro, foi referenciada à unidade de cuidados continuados do IPO. Por sua opção, encontra-se, actualmente, em casa, com assistência médica domiciliar. Por decisão conjunta, optou-se pela via SC para controlo de sintomas, sempre que, devido aos vómitos frequentes, a VO não seja possível. Discussão: Com o caso clínico apresentado, pretende-se ilustrar situações de cuidados paliativos em que os doentes podem permanecer no domicílio com os sintomas controlados, recorrendo-se à via SC. Pretende-se também demonstrar que uma assistência domiciliar mais precoce poderia ter evitado as idas frequentes ao SU. Uma vez que a prestação de cuidados domiciliares aos doentes terminais faz parte da função de médico de família, este deve estar familiarizado com esta via de administração.
ISSN:2182-5181