Percepções ambientais e socioeconômicas acerca da extração do caranguejo-uçá (Ucides cordatus) no Sistema Estuarino de Itanhaém (SE Brasil): contribuições à conservação e ao manejo

O caranguejo-uçá (Ucides cordatus) é um crustáceo decápodo endêmico de manguezais, com distribuição ao longo de todo o litoral brasileiro. Essa espécie participa da bioturbação dos sedimentos, do fluxo de matéria orgânica/energia e da cadeia trófica neste ambiente costeiro. As comunidades litorâneas...

Full description

Bibliographic Details
Main Authors: Fernanda Vargas Barbi de Souza, Marcelo Antonio Amaro Pinheiro
Format: Article
Language:English
Published: Reativar Ambiental 2020-09-01
Series:Revista Brasileira de Meio Ambiente
Subjects:
Online Access:https://www.revistabrasileirademeioambiente.com/index.php/RVBMA/article/view/529
Description
Summary:O caranguejo-uçá (Ucides cordatus) é um crustáceo decápodo endêmico de manguezais, com distribuição ao longo de todo o litoral brasileiro. Essa espécie participa da bioturbação dos sedimentos, do fluxo de matéria orgânica/energia e da cadeia trófica neste ambiente costeiro. As comunidades litorâneas tradicionais, caiçaras, sobrevivem da cata e comércio deste crustáceo, que, por ser uma atividade extrativista típica dos manguezais brasileiros, pode prejudicar o ambiente quando em desacordo às normas vigentes. O presente estudo tem como objetivo levantar informações socioeconômicas associadas ao conhecimento etnobiológico dos catadores de caranguejo-uçá do Estuário do Rio Itanhaém (SP), em relação ao estado de conservação dessa espécie e do manguezal. Os catadores obtidos pela técnica snowball foram entrevistados utilizando um questionário semiestruturado. Os dados foram analisados de forma quali-quantitativa, por meio do Discurso do Sujeito Coletivo, sempre que possível respaldado estatisticamente. A quantidade de catadores que atuam nesse sistema estuarino (n = 9) superou em 80% o indicado pela Colônia de Pescadores “Z-13”. Todos os entrevistados pertenciam ao gênero masculino, 67% dos quais oriundos do próprio município, 33% trabalhando na clandestinidade, o que coloca em risco o manejo da espécie. Entre os impactos negativos ao manguezal, 100% dos catadores se preocupam com sua destruição, ocupação irregular e supressão da mata ciliar, enquanto 78% citaram a contaminação pelos resíduos sólidos, indicando que ações de monitoramento e fiscalização são imprescindíveis ao manejo e conservação deste ecossistema.
ISSN:2595-4431