MENINGOENCEFALITE POR CRYPTOCOCCUS SPP.: UMA ANÁLISE DOS FATORES DE RISCO ASSOCIADOS AO ÓBITO E DA ESTIMATIVA DE SOBREVIDA EM UM ANO, NO NORDESTE DO BRASIL

Introdução: Criptococose é uma micose sistêmica causada por leveduras encapsuladas do gênero Cryptococcus, que acometem principalmente o Sistema Nervoso Central, causando meningoencefalite. Objetivo: Avaliar os fatores de risco associados ao óbito, e a sobrevida aos 12 meses de pacientes com meningo...

Full description

Bibliographic Details
Main Authors: Lisandra Serra Damasceno, Renan Carrasco Cézar, Miriam Cristina Silva Canuto, José de Paula Barbosa, Terezinha M.J. Silva Leitão
Format: Article
Language:English
Published: Elsevier 2022-09-01
Series:Brazilian Journal of Infectious Diseases
Online Access:http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1413867022002574
Description
Summary:Introdução: Criptococose é uma micose sistêmica causada por leveduras encapsuladas do gênero Cryptococcus, que acometem principalmente o Sistema Nervoso Central, causando meningoencefalite. Objetivo: Avaliar os fatores de risco associados ao óbito, e a sobrevida aos 12 meses de pacientes com meningoencefalite por Cryptococcus spp. (MC). Método: Estudo de coorte retrospectivo, onde foram incluídos pacientes admitidos no Hospital São José de Doenças Infecciosas, localizado em Fortaleza/CE, que foram diagnosticados entre 2010 e 2018 com MC. Os dados foram coletados através da revisão de prontuários. Óbito durante a hospitalização foi considerado o desfecho primário. Análises estatísticas foram realizadas, sendo considerado significante um p-valor < 0,05. Resultados: De 2010 a 2018, 21.519 pacientes foram admitidos no HSJ, destes 125 pacientes apresentaram diagnóstico de MC. A taxa de incidência desta micose foi de 5,8 casos/1.000 hospitalizações. Foram incluídos no estudo 113 pacientes; 12 pacientes foram excluídos devido a falta de informações em prontuários. O sexo masculino foi o mais acometido (81,4%), e a mediana de idade foi de 37 anos [IIQ: 29-44]. Coinfecção com HIV ocorreu em 79,6% dos pacientes. Febre (65,4%) e cefaleia (87,6%) foram os sintomas mais frequentes. Alteração do estado mental, e uma maior contagem de células no líquor foram os fatores mais associados com MC em indivíduos não HIV (p < 0,05). Entre os pacientes com infecção pelo HIV (n = 90), MC representou a primeira infecção oportunista em 23,3% dos casos; 69 (76,7%) pacientes eram sabidamente HIV positivos previamente à admissão hospitalar. O tratamento de indução mais usado foi realizado com anfotericina B desoxicolato (AmB-D) associado com fluconazol, administrado em 104 pacientes. A mediana do tempo de uso da AmB-D foi de 16 dias [IIQ: 8-26], e de fluconazol de 22 dias [IIQ: 14-32]. Óbito durante o internamento ocorreu em 29,2% dos indivíduos. Os fatores de risco independentes associados ao óbito durante a hospitalização foram sexo feminino (p = 0,006), idade > 35 anos (p = 0,034), alteração do estado mental (p = 0,035) e infecção pelo HIV (p = 0,024). Durante o seguimento clínico, sete pacientes foram a óbito por outras causas. A sobrevida aos 12 meses foi menor em pessoas que vivem com HIV (55%) do que em indivíduos HIV negativos (77% - p =0,029). Conclusão: Estratégias para diagnóstico precoce e tratamento de indução mais eficaz, principalmente em indivíduos HIV positivos, devem ser priorizadas a fim de minimizar o risco de morte.
ISSN:1413-8670