A ATOMIZAÇÃO DO SENTIDO DE SOCIEDADE CIVIL

Na atualidade, os paladinos das políticas neoliberais passaram a entender que as lutas sociais de hoje são o reflexo de uma sociedade erigida por uma multiplicidade de vozes e pluralismo de posições. Essa é uma concepção advinda do pensamento pós-moderno, que junto a sua particular maneira de interp...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Luiz Carlos Tavares
Format: Article
Language:English
Published: Universidade Federal de Sergipe 2014-12-01
Series:Ambivalências
Subjects:
Online Access:http://seer.ufs.br/index.php/Ambivalencias/article/view/3614/3095
Description
Summary:Na atualidade, os paladinos das políticas neoliberais passaram a entender que as lutas sociais de hoje são o reflexo de uma sociedade erigida por uma multiplicidade de vozes e pluralismo de posições. Essa é uma concepção advinda do pensamento pós-moderno, que junto a sua particular maneira de interpretar a realidade traz na narrativa do fim da civilização ocidental e de seus valores dominantes, o fio condutor para se traçar uma nova perspectiva de compreensão e atualização da realidade social. É diante desse contexto que situamos o objeto de pesquisa aqui adotado: a sociedade civil e sua interpretação pós-moderna. As lutas populares e as contestações sociais são indicadores de uma condição estabelecida pelo capital, que é a da contradição classista, e nesse processo o ato da luta política só pode se transformar em unidade transformadora à medida que deriva de um movimento em direção à consciência de classe. Desse modo, um dos principais objetivos aqui dimensionados situa-se em tentar compreender como a diversidade, ou ainda, a identidade, ambas rotuladas pela leitura pós-moderna como fragmentárias e individualistas, podem se transformar em uma identidade totalizadora, a de classe, quando movida pela força motriz de superação do capital. Com o processo de globalização, ou ainda, mundialização do capital, como prefere Chesnais (1996), houve um considerável agravamento das condições de vida da população mundial, o que produziu como reflexo imediato uma serie de transformações econômicas e políticas. E nesse bojo, o pensamento pós-moderno surge como instrumento de (re)organização e interpretação do “novo” momento vivido pelo capitalismo mundial e por sua forma de desenvolvimento, estando no centro dessa reorientação interpretativa a negação da centralidade do trabalho e do conceito de classes. É neste ínterim que se busca justificar a validade e a necessidade de uma reflexão teórica que faça o contraponto à visão reducionista e maniqueísta do posicionamento pós-moderno de entendimento da realidade atual. Este empreendimento teórico é um desdobramento da dissertação de mestrado intitulada: “Participação Social e Política de Desenvolvimento Territorial: a produção de uma sociabilidade estabelecida pelo consenso”, defendida em setembro de 2014 na Universidade Federal de Sergipe. Para tanto, se fez necessário um grande esforço no sentido de traçar uma investigação bibliográfica que desse conta de conceitos como, classes sociais, sociedade civil, pós-modernidade, neoliberalismo e identidade. O método foi o dialético, com ênfase na lei dialética da unidade e luta dos contrários. A investigação e o debate aqui travado deixam claro que os pós-modernos possuem uma intencionalidade muito bem definida, a de patrocinar e legitimar processos de individualização humana, deturpando a validade do conceito de classes em detrimento de uma eloquente valorização de termos fragmentadores da realidade.
ISSN:2318-3888
2318-3888