Identidade e alteridade entre os Ese Ejja da Bolívia setentrional

Este artigo explora a construção da identidade própria, que se dá na relação com os outros, em uma sociedade da Amazônia boliviana. Ele tem como foco as atitudes ambíguas dos Ese Ejja em relação aos bolivianos (não-indígenas). Sustento que a ambivalência dos Ese Ejja reflete a natureza mutável, cont...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Isabella Lepri
Format: Article
Language:English
Published: Universidade Federal do Rio de Janeiro 2005-10-01
Series:Mana
Subjects:
Online Access:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-93132005000200005
Description
Summary:Este artigo explora a construção da identidade própria, que se dá na relação com os outros, em uma sociedade da Amazônia boliviana. Ele tem como foco as atitudes ambíguas dos Ese Ejja em relação aos bolivianos (não-indígenas). Sustento que a ambivalência dos Ese Ejja reflete a natureza mutável, contextual e relacional da identidade, entendida como auto-imagem. A relação descrita é caracterizada pela autodepreciação dos Ese Ejja, parcialmente atribuível a fatores históricos, econômicos e políticos, mas também coerente com a estratégia indígena de evitar confrontação direta com entidades perigosas. Além disso, sugiro que essa postura em relação aos estranhos poderosos também pode ser lida segundo as noções sociocosmológicas indígenas relativas à alteridade e ao tornar-se outro, e a partir do sentido que têm os próprios Ese Ejja de estarem na história<br>This paper explores the construction of self-identity in relation to others in a Bolivian Amazon society, through the lens of the ambivalent attitudes of the Ese Ejja towards non-indigenous Bolivians. I argue that the Ese Ejja's ambivalence reflects the mutable, contextual and relational nature of identity, understood as self-image. The relationship described here is characterised by self-debasement on the part of the Ese Ejja. This is partly attributable to historical, economic and political factors, but is also consistent with the indigenous strategy of avoiding direct confrontation with dangerous entities. Moreover, it is suggested that this stance towards powerful foreigners can also be read in terms of indigenous socio-cosmological notions of otherness and of Other-becoming and of the Ese Ejja's own sense of being in history
ISSN:0104-9313
1678-4944