Summary: | A partir da apropriação da noção de espectro em Derrida (1994), o presente ensaio propõe uma leitura do romance De mim já nem se lembra, de Luiz Ruffato (2016), cujo discurso dialoga com um evento histórico traumático: a Ditadura Civil Militar. Enquanto entidade espectral – o passado está desde sempre morto, mas mal enterrado. O espectro, desde Hamlet, é um ser disruptivo: é uma força desestabilizadora do presente. Seguindo essa analogia, é possível reconhecer três entidades espectrais no livro de Ruffato: Luizinho, o Ruffato criança; o irmão, José Célio, autor das cartas que o narrador encontra, e a própria história recente do país, marcada pela Ditadura Civil Militar. Esses espectros deixam rastros na obra: isto é, registros involuntários, que podem ser reconhecidos na materialidade do texto. Na primeira parte deste ensaio, há um esboço sobre a noção de espectro. Na segunda parte, apresento a leitura do romance à luz desse conceito. Ao final, há uma tentativa de síntese a partir da relação entre a escrita e a morte – na chave da escritura como uma espécie de túmulo.
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