A longa história indígena na costa norte do Amapá

A arqueologia na costa oriental da Guayanas (Estado brasileiro do Amapá) tem uma longa história, como os estudos de pioneiros como Emilio Goeldi, Henri Coudreau, Meggers e Evans, entre outros, nos lembram. Este lugar tem também um valor crítico para o atual debate sobre as evidências da complexidad...

Full description

Bibliographic Details
Main Authors: João Darcy de Moura Saldanha, Mariana Petry Cabral
Format: Article
Language:English
Published: Universidade de Brasília 2018-02-01
Series:Anuário Antropológico
Subjects:
Online Access:https://periodicos.unb.br/index.php/anuarioantropologico/article/view/6820
_version_ 1797695428643258368
author João Darcy de Moura Saldanha
Mariana Petry Cabral
author_facet João Darcy de Moura Saldanha
Mariana Petry Cabral
author_sort João Darcy de Moura Saldanha
collection DOAJ
description A arqueologia na costa oriental da Guayanas (Estado brasileiro do Amapá) tem uma longa história, como os estudos de pioneiros como Emilio Goeldi, Henri Coudreau, Meggers e Evans, entre outros, nos lembram. Este lugar tem também um valor crítico para o atual debate sobre as evidências da complexidade sócio-político na pré-história da Amazônia, dada a ocorrência de locais impressionantes, como as estruturas megalíticas, e elaborada cerâmica, como as cerâmicas policrômicas Aristé. Desde a criação de uma equipe de arqueólogos no estado Amapá esta imagem ter sido alterada, com o aumento da base de dados arqueológicos disponíveis na área. Até agora, a cronologia foi estendida para o Holoceno médio, com sítios arqueológicos relacionados com grupos de caçadores-coletores; início de produção de cerâmicas locais, datando de, pelo menos, 3000 BP foram encontrados; e a proliferação de culturas cerâmicas arqueológicas foram documentados, com a co-existência de, pelo menos, 5 culturas diferentes na área desde o segundo milênio depois de Cristo. Além disso, a área apresenta estudos de casos instigantes em etno-arqueologia. A costa oriental de Guayana é um dos poucos lugares na Amazônia que mostra evidências de continuidade entre as sociedades ameríndias contemporâneos, como os Palikur e Kalina, e as ocupações pré-coloniais, proporcionando uma boa oportunidade para compreender a mudança que a colonização europeia impôs em padrões ameríndios pré-coloniais de organização sócio-política. Diante de todas as informações que já tenha sido recolhida, é óbvio que o Amapá é uma área-chave na região amazônica. Suas características geográficas singulares, um enclave entre a Amazônia, Guayana e áreas do Caribe, parece estar refletida na alta diversidade cultural na ocupação pré-histórica, onde diferentes tradições culturais convergiram e interagiram em uma região específica. Como tal, sugerimos que, depois de uma ocupação humana gradual desde pelo menos 8000 BP, ele se tornará, por volta de 1000 BP, uma arena altamente contestada, onde as diferenças regionais em estilos de cerâmica e centros cerimoniais\funerários foram usados e exacerbados para marcar fronteiras políticas e\ ou sociais fronteiras. Este artigo tem como objetivo principal apresentar os atuais dados arqueológicos e o esboço de um projeto de pesquisa com foco na paisagem e uma história de longa duração dos contextos sócio-políticos ameríndios na costa oriental de Guayana, através do estabelecimento de um quadro cronológico e cultural da ocupação humana na região, desde os primeiros habitantes até o impacto da invasão europeia em grupos ameríndios.
first_indexed 2024-03-12T03:12:18Z
format Article
id doaj.art-7be9236a63f446f19e129cdefa94c01d
institution Directory Open Access Journal
issn 0102-4302
2357-738X
language English
last_indexed 2024-03-12T03:12:18Z
publishDate 2018-02-01
publisher Universidade de Brasília
record_format Article
series Anuário Antropológico
spelling doaj.art-7be9236a63f446f19e129cdefa94c01d2023-09-03T14:19:46ZengUniversidade de BrasíliaAnuário Antropológico0102-43022357-738X2018-02-01392A longa história indígena na costa norte do AmapáJoão Darcy de Moura SaldanhaMariana Petry Cabral A arqueologia na costa oriental da Guayanas (Estado brasileiro do Amapá) tem uma longa história, como os estudos de pioneiros como Emilio Goeldi, Henri Coudreau, Meggers e Evans, entre outros, nos lembram. Este lugar tem também um valor crítico para o atual debate sobre as evidências da complexidade sócio-político na pré-história da Amazônia, dada a ocorrência de locais impressionantes, como as estruturas megalíticas, e elaborada cerâmica, como as cerâmicas policrômicas Aristé. Desde a criação de uma equipe de arqueólogos no estado Amapá esta imagem ter sido alterada, com o aumento da base de dados arqueológicos disponíveis na área. Até agora, a cronologia foi estendida para o Holoceno médio, com sítios arqueológicos relacionados com grupos de caçadores-coletores; início de produção de cerâmicas locais, datando de, pelo menos, 3000 BP foram encontrados; e a proliferação de culturas cerâmicas arqueológicas foram documentados, com a co-existência de, pelo menos, 5 culturas diferentes na área desde o segundo milênio depois de Cristo. Além disso, a área apresenta estudos de casos instigantes em etno-arqueologia. A costa oriental de Guayana é um dos poucos lugares na Amazônia que mostra evidências de continuidade entre as sociedades ameríndias contemporâneos, como os Palikur e Kalina, e as ocupações pré-coloniais, proporcionando uma boa oportunidade para compreender a mudança que a colonização europeia impôs em padrões ameríndios pré-coloniais de organização sócio-política. Diante de todas as informações que já tenha sido recolhida, é óbvio que o Amapá é uma área-chave na região amazônica. Suas características geográficas singulares, um enclave entre a Amazônia, Guayana e áreas do Caribe, parece estar refletida na alta diversidade cultural na ocupação pré-histórica, onde diferentes tradições culturais convergiram e interagiram em uma região específica. Como tal, sugerimos que, depois de uma ocupação humana gradual desde pelo menos 8000 BP, ele se tornará, por volta de 1000 BP, uma arena altamente contestada, onde as diferenças regionais em estilos de cerâmica e centros cerimoniais\funerários foram usados e exacerbados para marcar fronteiras políticas e\ ou sociais fronteiras. Este artigo tem como objetivo principal apresentar os atuais dados arqueológicos e o esboço de um projeto de pesquisa com foco na paisagem e uma história de longa duração dos contextos sócio-políticos ameríndios na costa oriental de Guayana, através do estabelecimento de um quadro cronológico e cultural da ocupação humana na região, desde os primeiros habitantes até o impacto da invasão europeia em grupos ameríndios. https://periodicos.unb.br/index.php/anuarioantropologico/article/view/6820Arqueologia AmazônicaMegalitismoHistória de Longa Duração
spellingShingle João Darcy de Moura Saldanha
Mariana Petry Cabral
A longa história indígena na costa norte do Amapá
Anuário Antropológico
Arqueologia Amazônica
Megalitismo
História de Longa Duração
title A longa história indígena na costa norte do Amapá
title_full A longa história indígena na costa norte do Amapá
title_fullStr A longa história indígena na costa norte do Amapá
title_full_unstemmed A longa história indígena na costa norte do Amapá
title_short A longa história indígena na costa norte do Amapá
title_sort longa historia indigena na costa norte do amapa
topic Arqueologia Amazônica
Megalitismo
História de Longa Duração
url https://periodicos.unb.br/index.php/anuarioantropologico/article/view/6820
work_keys_str_mv AT joaodarcydemourasaldanha alongahistoriaindigenanacostanortedoamapa
AT marianapetrycabral alongahistoriaindigenanacostanortedoamapa
AT joaodarcydemourasaldanha longahistoriaindigenanacostanortedoamapa
AT marianapetrycabral longahistoriaindigenanacostanortedoamapa