Summary: | Compor um protocolo de experiência ao invés de uma experimentação interpretante ou significante; agarrar o mundo ao invés de extrair-lhe impressões. A literatura de Franz Kafka, como nos lembra Deleuze e Guattari (2003), é uma máquina de expressão que opera em diversos graus, tanto por expressões e conteúdos formalizados quanto por expressões não formalizadas e conteúdos puros. Essa máquina, assim, excederia a representação para atingir também o caráter genético da linguagem, ao mesmo tempo constituindo imagens e promovendo novas fraturas na distância mesma que as produz. Com este artigo, propomo-nos a analisar, a partir da trilha aberta por Deleuze e Guattari, a produção de imagens no romance O Processo (2008), argumentando, em articulação com a taxonomia das imagens do cinema feita por Deleuze, que o anti-estetismo de Kafka atua diretamente para conectar palavra e imagem com o objetivo de seguir uma vontade de escrita que constitui a própria potência da palavra.
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