O sintoma ou o que o sujeito tem de mais real

O sintoma não é um sinal de uma doença, como habitualmente se pensa a partir da ordem médica, mas um fenômeno subjetivo constituído pela realização deformada do desejo. Ele é, diz Freud, uma pantomima do desejo: uma mescla de restrição e gozo. Por isso, há algo do sintoma que não cede à decifração e...

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Bibliographic Details
Main Author: Marcelo Ricardo Pereira
Format: Article
Language:Portuguese
Published: Universidade Estadual de Maringá 2012-03-01
Series:Revista Espaço Acadêmico
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Online Access:https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/16387
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description O sintoma não é um sinal de uma doença, como habitualmente se pensa a partir da ordem médica, mas um fenômeno subjetivo constituído pela realização deformada do desejo. Ele é, diz Freud, uma pantomima do desejo: uma mescla de restrição e gozo. Por isso, há algo do sintoma que não cede à decifração e se mostra aderente à fixação; algo que “retorna a um tipo de autoerotismo difuso”. Lacan encontrou melhores chaves para escrever isso. O sintoma é aquilo que as pessoas têm de mais real; é, diz ele, a própria “natureza da realidade humana”. Nenhuma interpretação o erradica, pois ele é real. O real – sabemos – não pode ser reduzido à realidade concreta, mas é justamente o que a atropela. É a coisa sobre a qual não se tem como dizer ou aquilo que para o sujeito é expulso da realidade pela intervenção da palavra. E aqui, defendemos: essa coisa para o neurótico é a infância; essa que retorna desde seu inconsciente. A infância só existe falada pelo adulto psicanalisado, que quer em vão decifrá-la, fixando-se nela. Ela é o seu ponto real; e, por isso, seu sintoma. O infantil como sintoma: eis o que talvez o sujeito tenha de mais real.
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