Escravidão: tema tabu para os museus de arte decorativa
O ensino e a prática museal no campo da arte decorativa estiveram, durante muito tempo, aliados aos modos de pensar colonial e imperial, privilegiando concepções artísticas europeias, sacralizando objetos advindos das elites enriquecidas pelo trabalho escravo. Este texto apresenta reflexões de quas...
Main Author: | |
---|---|
Format: | Article |
Language: | English |
Published: |
Universidade do Estado de Santa Catarina
2020-03-01
|
Series: | Revista PerCursos |
Online Access: | https://periodicos.udesc.br/index.php/percursos/article/view/16220 |
_version_ | 1797849576508489728 |
---|---|
author | Joseania Miranda Freitas |
author_facet | Joseania Miranda Freitas |
author_sort | Joseania Miranda Freitas |
collection | DOAJ |
description |
O ensino e a prática museal no campo da arte decorativa estiveram, durante muito tempo, aliados aos modos de pensar colonial e imperial, privilegiando concepções artísticas europeias, sacralizando objetos advindos das elites enriquecidas pelo trabalho escravo. Este texto apresenta reflexões de quase duas décadas de docência na área de arte decorativa para o curso de graduação em Museologia na Universidade Federal da Bahia (UFBA). O tema da escravidão de povos africanos tem sido tabu para os museus, ficando tais discussões reservadas àqueles específicos (etnográficos e históricos), omitindo-se, dessa forma, que a formação econômica dos países colonizados e suas metrópoles se deu através dessa força de trabalho. O caminho metodológico para enfrentar esse tabu tem sido o de descolonizar o olhar em arte decorativa, o que implica suscitar uma tomada de posição crítica frente aos acervos hegemonicamente estabelecidos, ainda ancorados na chegada, conquista e estabelecimento dos europeus nas Américas como marco fundante de processos civilizatórios. O termo colonial não se aplica exclusivamente aos processos de governança, mas ao campo epistemológico, à manutenção do conhecimento eurocentrado. A docência nessa área é desafiadora, pois está atrelada aos acervos, resultantes da permanência de padrões e gostos coloniais-eurocentrados, não somente no campo artístico, mas também no campo das mentalidades.
Palavras-chave: Escravidão. Museus de arte decorativa. Descolonização do olhar. |
first_indexed | 2024-04-09T18:46:18Z |
format | Article |
id | doaj.art-80219ed516754559a007933ca7bba80a |
institution | Directory Open Access Journal |
issn | 1984-7246 |
language | English |
last_indexed | 2024-04-09T18:46:18Z |
publishDate | 2020-03-01 |
publisher | Universidade do Estado de Santa Catarina |
record_format | Article |
series | Revista PerCursos |
spelling | doaj.art-80219ed516754559a007933ca7bba80a2023-04-10T12:25:03ZengUniversidade do Estado de Santa CatarinaRevista PerCursos1984-72462020-03-01204410.5965/1984724620442019056Escravidão: tema tabu para os museus de arte decorativaJoseania Miranda Freitas0UFBA O ensino e a prática museal no campo da arte decorativa estiveram, durante muito tempo, aliados aos modos de pensar colonial e imperial, privilegiando concepções artísticas europeias, sacralizando objetos advindos das elites enriquecidas pelo trabalho escravo. Este texto apresenta reflexões de quase duas décadas de docência na área de arte decorativa para o curso de graduação em Museologia na Universidade Federal da Bahia (UFBA). O tema da escravidão de povos africanos tem sido tabu para os museus, ficando tais discussões reservadas àqueles específicos (etnográficos e históricos), omitindo-se, dessa forma, que a formação econômica dos países colonizados e suas metrópoles se deu através dessa força de trabalho. O caminho metodológico para enfrentar esse tabu tem sido o de descolonizar o olhar em arte decorativa, o que implica suscitar uma tomada de posição crítica frente aos acervos hegemonicamente estabelecidos, ainda ancorados na chegada, conquista e estabelecimento dos europeus nas Américas como marco fundante de processos civilizatórios. O termo colonial não se aplica exclusivamente aos processos de governança, mas ao campo epistemológico, à manutenção do conhecimento eurocentrado. A docência nessa área é desafiadora, pois está atrelada aos acervos, resultantes da permanência de padrões e gostos coloniais-eurocentrados, não somente no campo artístico, mas também no campo das mentalidades. Palavras-chave: Escravidão. Museus de arte decorativa. Descolonização do olhar.https://periodicos.udesc.br/index.php/percursos/article/view/16220 |
spellingShingle | Joseania Miranda Freitas Escravidão: tema tabu para os museus de arte decorativa Revista PerCursos |
title | Escravidão: tema tabu para os museus de arte decorativa |
title_full | Escravidão: tema tabu para os museus de arte decorativa |
title_fullStr | Escravidão: tema tabu para os museus de arte decorativa |
title_full_unstemmed | Escravidão: tema tabu para os museus de arte decorativa |
title_short | Escravidão: tema tabu para os museus de arte decorativa |
title_sort | escravidao tema tabu para os museus de arte decorativa |
url | https://periodicos.udesc.br/index.php/percursos/article/view/16220 |
work_keys_str_mv | AT joseaniamirandafreitas escravidaotematabuparaosmuseusdeartedecorativa |