ROBERTO DE MESQUITA E O “ELOGIO DA SOLIDÃO” UMA LEITURA DE ALMAS CATIVAS

Uma poesia de lugar, de isolamento, assim se pode chamar a poesia de Roberto de Mesquita, em que a paisagem, a cor e expressão de insularidade são o grande tema. Nemésio foi a primeira voz que se ouviu sobre a poesia de Mesquita e ressaltando-lhe a ‘açorianidade’ nas suas Almas Cativas. Canta a tris...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Maria Natália Gomes Thimóteo
Format: Article
Language:Portuguese
Published: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo 2012-10-01
Series:FronteiraZ
Subjects:
Online Access:https://revistas.pucsp.br/index.php/fronteiraz/article/view/12280
Description
Summary:Uma poesia de lugar, de isolamento, assim se pode chamar a poesia de Roberto de Mesquita, em que a paisagem, a cor e expressão de insularidade são o grande tema. Nemésio foi a primeira voz que se ouviu sobre a poesia de Mesquita e ressaltando-lhe a ‘açorianidade’ nas suas Almas Cativas. Canta a tristeza, o mar como prisão e destino, juntando ‘portuguesmente’ Baudelaire e Verlaine, as notas metafísicas de Antero no panteísmo e o sentimento da “.solidão atlântica”. Seu imaginário está repleto de almas, das quais é cúmplice, inclusive da alma do passado, alegorizado pelas ruínas. Para Benjamin, as alegorias são no reino dos pensamentos o que as ruínas são no reino das coisas. É célebre a imagem de Benjamin, sobre o Anjo da História, referindo-se à alegoria do quadro de Klee, “Angelus Novus”. Como o anjo da alegoria, Mesquita é preso ao passado, ouvindo e vendo espectros em cativeiro. Na série de poemas “Relicários” há a complexidade da apreensão da essência do mundo real e os objetos são ‘hierofanias’, de que fala Eliade.
ISSN:1983-4373