Os corpos de Ângela Pralini e Macabéa: lugares de um registro melancólico
O corpo é estudado há muito tempo por todos aqueles que se interessam pelas angústias humanas, tanto em termos físicos quanto em ideias psicológicas. O corpo das personagens clariceanas, a saber Ângela Pralini e Macabéa, será o objeto de estudo deste artigo, fruto de uma pesquisa de doutoramento. O...
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| Language: | Portuguese |
| Published: |
Universidade Federal de Santa Catarina
2023-02-01
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| Series: | Anuário de Literatura |
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| Online Access: | https://periodicos.ufsc.br/index.php/literatura/article/view/89611 |
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| author | Adriana Vieira de Sena Samuel Anderson de Oliveira Lima |
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O corpo é estudado há muito tempo por todos aqueles que se interessam pelas angústias humanas, tanto em termos físicos quanto em ideias psicológicas. O corpo das personagens clariceanas, a saber Ângela Pralini e Macabéa, será o objeto de estudo deste artigo, fruto de uma pesquisa de doutoramento. O feixe discursivo (isto é, uma grande quantidade de palavras) das obras Um sopro de vida e A hora da estrela mostra dois seres fictícios desnorteados, desfuncionalizados, a-padrão social e literário. Macabéa estava quase sempre fungando, limpando o seu desespero com a bainha de sua combinação. Seu corpo raquítico e frágil revela uma linguagem fraca, alienada, de parcas palavras. O não dito também se faz presente em A hora da estrela à medida que os episódios persistem insinuados. A ausência de vocábulos no corpo de Macabéa levará a uma escrita melancólica em sua vida, uma vida de descompasso, de libido extraviada. O corpo de Ângela padece de perecimento. A solidão dela é grande, pois não é uma solidão qualquer: é a solidão de Deus. Seu corpo é paradoxal, explodindo para o nada. É um corpo com autoestima perturbada, pois ora quer cuidar da vida, ora demonstra o desamparo incurável do melancólico. Para esta análise, são fundamentais os estudos de Lambotte (1997, 2000), Freud (1980), Delouya (2000), entre outros.
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| spelling | doaj.art-8267ce279b9a4bd8aa424a72a81ec8eb2023-02-08T14:30:24ZporUniversidade Federal de Santa CatarinaAnuário de Literatura1414-52352175-79172023-02-012810.5007/2175-7917.2023.e89611Os corpos de Ângela Pralini e Macabéa: lugares de um registro melancólicoAdriana Vieira de Sena0Samuel Anderson de Oliveira Lima1Universidade Federal do Rio Grande do NorteUniversidade Federal do Rio Grande do Norte O corpo é estudado há muito tempo por todos aqueles que se interessam pelas angústias humanas, tanto em termos físicos quanto em ideias psicológicas. O corpo das personagens clariceanas, a saber Ângela Pralini e Macabéa, será o objeto de estudo deste artigo, fruto de uma pesquisa de doutoramento. O feixe discursivo (isto é, uma grande quantidade de palavras) das obras Um sopro de vida e A hora da estrela mostra dois seres fictícios desnorteados, desfuncionalizados, a-padrão social e literário. Macabéa estava quase sempre fungando, limpando o seu desespero com a bainha de sua combinação. Seu corpo raquítico e frágil revela uma linguagem fraca, alienada, de parcas palavras. O não dito também se faz presente em A hora da estrela à medida que os episódios persistem insinuados. A ausência de vocábulos no corpo de Macabéa levará a uma escrita melancólica em sua vida, uma vida de descompasso, de libido extraviada. O corpo de Ângela padece de perecimento. A solidão dela é grande, pois não é uma solidão qualquer: é a solidão de Deus. Seu corpo é paradoxal, explodindo para o nada. É um corpo com autoestima perturbada, pois ora quer cuidar da vida, ora demonstra o desamparo incurável do melancólico. Para esta análise, são fundamentais os estudos de Lambotte (1997, 2000), Freud (1980), Delouya (2000), entre outros. https://periodicos.ufsc.br/index.php/literatura/article/view/89611Corpo freudianoMelancolia socialMelancolia existencialPsicanáliseClarice Lispector |
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