Summary: | O objetivo deste estudo foi comparar as taxas de complicações pós-operatórias e a taxa de recidiva em 132 mulheres com carcinoma da vulva tratadas com vulvectomia radical e linfadenectomia inguinal bilateral com uma ou três incisões. Foi um ensaio clínico retrospectivo não randomizado, incluindo 65 mulheres operadas por incisão única e 67 por três incisões, entre 1986 e 1996. Para análise estatística foram realizados os testes Exato de Fischer, Qui-Quadrado, t de Student e regressão logística e curvas de sobrevida pelo método de Kaplan-Meyer, comparadas pelo teste de Wilcoxon, seguidas de regressão de Cox, com limite de 5% de significância estatística. Os grupos foram semelhantes com relação à idade, tabagismo, presença de síndromes clínicas, tipo e grau histológico. Pacientes com neoplasia no estadio III foram mais freqüentes no grupo de incisão única e mais linfonodos livres no grupo de três incisões. As pacientes tratadas com três incisões apresentaram significativamente menos complicações pós-operatórias imediatas (76% vs 92%, p<0,05), menos deiscências (72% vs 92%, p<0,01), menor necessidade de procedimentos secundários (76% vs 94%, p<0,01) e menor tempo de internação (média de 19,4 dias vs 38,7 dias, p<0,001). Ocorreram sete óbitos pós-operatórios: cinco no grupo tratado com incisão única e dois com três incisões. A taxa de recidiva foi significativamente menor nas operadas com três incisões (19% vs 35%, p<0,01) e com linfonodos livres de doença (6% vs 15%, p<0,01). Após a regressão de Cox, apenas os linfonodos comprometidos influenciaram negativamente o tempo livre de doença. Concluímos que a vulvectomia por três incisões apresenta menos complicações que a incisão única, sem comprometer a eficácia terapêutica, independente do estádio da neoplasia.<br>The purpose of the present study was to compare postoperative complications and recurrence rates in 132 women with invasive vulvar carcinoma treated by radical vulvectomy and bilateral groin lymphadenectomy performed with one or three incisions. It was a nonrandomized retrospective clinical study, including 65 women operated using a single incision and 67 with three incisions, between 1986 and 1996. Fischer's, chi-square, Student's t tests followed by logistic regression were used for statistical analysis as well as survival curves by the Kaplan-Meyer method, compared using Wilcoxon test, followed by Cox regression, with the statistical significance limit of 5%. The groups were similar regarding age, smoking, presence of other diseases, histologic type and grade. Pathologic stage III was significantly more frequent in the single incision group, while free lymph nodes were more frequent in the three-incision group. The patients treated with triple incision showed statistically less frequent immediate complications (76% vs 92%, p<0.05), less dehiscence (72% vs 92%, p<0.01), and shorter mean hospital stay (19.4 days vs 38.7 days, p<0.001) and secondary procedures were less necessary (76% vs 94%, p<0.01). Seven postoperative deaths were observed: five with single incision and two with triple incision. Recurrence rate was statistically lower in patients treated with triple incision (19% vs 35%, p<0.01) and with negative lymph nodes (6% vs 15%, p<0.01). After Cox regression, only positive lymph nodes had negative influence on disease-free survival. We concluded that vulvectomy using three incisions shows less complications than single incision, without compromising therapeutic efficacy, independently of the stage of the disease.
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