Summary: | Este estudo tem por objetivo analisar os comportamentos verbais e não-verbais adotados por participantes de um debate eleitoral. Para realizar esse estudo, adotamos os princípios teóricos e analíticos de abordagem teórico-metodológica em desenvolvimento no âmbito do Grupo Interaction & Formation, sediado na Universidade de Genebra. Essa abordagem concebe a linguagem como instrumento de coordenação de ações coletivas e como um recurso que permite aos interlocutores não apenas comunicarem saberes, mas sobretudo negociarem esses mesmos saberes, transformarem o ambiente em que se inserem e posicionarem-se uns em relação aos outros, construindo conjuntamente imagens identitárias e desenvolvendo sua competência interacional. Adotando os conceitos, as articulações teóricas e os métodos propostos no âmbito desse grupo, este estudo analisa um fragmento do último debate eleitoral da campanha de 2018 à Presidência da República do Brasil. Com a análise, foi possível evidenciar de que maneira os participantes se valem da linguagem verbal e não-verbal para fazerem emergir expectativas que subjazem ao encontro, revelando seu caráter regrado e sócio-historicamente constituído, e negociarem essas mesmas expectativas, evidenciando que os sentidos e a própria interação são fenômenos emergentes, flexíveis e altamente contextualizados.
Palavras-chave: interação; competência interacional; debate eleitoral.
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