Corpos que se dizem

Este artigo analisa dois recortes discursivos referentes a uma entrevista com duas moradoras de rua a respeito da autopercepção de seus corpos em meio à situação de miserabilidade que vivem. Buscamos, por meio da análise, problematizar os efeitos de sentido que se estabelecem no discurso em razão de...

Full description

Bibliographic Details
Main Authors: Francielly Thais Hirata, Luciane Thomé Schröder
Format: Article
Language:Portuguese
Published: Universidade Estadual do Oeste do Paraná 2022-12-01
Series:Travessias
Subjects:
Online Access:https://e-revista.unioeste.br/index.php/travessias/article/view/29276
Description
Summary:Este artigo analisa dois recortes discursivos referentes a uma entrevista com duas moradoras de rua a respeito da autopercepção de seus corpos em meio à situação de miserabilidade que vivem. Buscamos, por meio da análise, problematizar os efeitos de sentido que se estabelecem no discurso em razão de uma memória que, ignorante à posição-sujeito ocupada pelas duas mulheres, faz com que elas anunciem, num dos casos, um discurso investido de uma vaidade que performatiza o seu pertencimento a uma formação discursiva da feminilidade. O discurso em cena permite vislumbrar o trabalho de uma memória que mobiliza os dizeres para além de um aspecto econômico-social ocupado pelos sujeitos moradoras de rua. O segundo recorte em cena problematiza como o discurso sobre si ressignifica o lugar de exclusão, no sentido de que a rua é um espaço de excluídos, mas é o lar de quem o habita. Considerando os dois recortes enunciativos é possível avaliar os estereótipos e imaginários sociais presentes nos discursos tomados para reflexão. O artigo tem como referencial teórico e metodológico a Análise de Discurso de linha francesa fundada por Michel Pêcheux e desenvolvida no Brasil a partir dos estudos de Orlandi e demais pesquisadores que se alinham à teoria; a pesquisa é de caráter qualitativo-interpretativista.
ISSN:1982-5935