Afinal, quem é que precisa de três desejos? – Um cisne selvagem e outros contos, o avesso dos contos de fadas

Michael Cunningham, essencialmente conhecido pelo seu romance As Horas, adaptado ao cinema, redigiu esta colectânea, Um cisne selvagem e outros contos, publicada em 2015, que nos deixa desconcertados pela derrogação de categorias. Elencadas são diversas personagens que encarnam justamente a figura...

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Bibliographic Details
Main Author: Ana Seiça Carvalho
Format: Article
Language:English
Published: UA Editora 2019-03-01
Series:Forma Breve
Subjects:
Online Access:https://proa.ua.pt/index.php/formabreve/article/view/529
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description Michael Cunningham, essencialmente conhecido pelo seu romance As Horas, adaptado ao cinema, redigiu esta colectânea, Um cisne selvagem e outros contos, publicada em 2015, que nos deixa desconcertados pela derrogação de categorias. Elencadas são diversas personagens que encarnam justamente a figura do anti-herói, no lugar do príncipe encantado a que a norma estabelecida pelos contos de fadas nos habituou: o príncipe de braço desfigurado de penas de cisne, alcoólico; a velha de Hansel e Gretel, uma solitária ex-prostituta, de cabeleira pintada de ruivo; o príncipe da Branca de Neve com fetiches necrófilos; o Soldadinho de Chumbo sem uma perna e utente frequente de bordéis, entre outros… Personagens que, na selva do mundo actual, sem magias nem feitiços, contrariam a sugestão que paira do tão conveniente felizes para sempre. A intenção do autor centra-se na reinterpretação de dez contos infantis, elaborando uma versão adulta e claramente dark que nos faz duvidar do típico final feliz e trespassa a estrutura do conto fantástico muito para além da celebração e dos festejos que caracterizavam o seu desfecho, o que suscita no leitor múltiplas questões. Cunningham reescreve prequelas interrogativas e sequelas de um presente possível que, carecendo de vitórias e conquistas, enaltecem uma realidade plausível do caminho individual de cada personagem, mas deixa-nos ainda, com mestria, o enigma do devir…
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