San Tiago Dantas e sua política externa como instrumento da reforma social e da democracia
Por ocasião do comando da Política Externa Independente, o chanceler San Tiago Dantas utilizou a expressão “coexistência competitiva” em diferentes discursos, pronunciamentos e debates para fundamentar duas posições adotadas pelo Brasil em suas relações internacionais: a do restabelecimento das rela...
Main Author: | |
---|---|
Format: | Article |
Language: | English |
Published: |
Associação Brasileira de Relações Internacionais
2015-08-01
|
Series: | Carta Internacional |
Subjects: | |
Online Access: | https://www.cartainternacional.abri.org.br/Carta/article/view/275 |
_version_ | 1818693354254237696 |
---|---|
author | Renato Petrocchi |
author_facet | Renato Petrocchi |
author_sort | Renato Petrocchi |
collection | DOAJ |
description | Por ocasião do comando da Política Externa Independente, o chanceler San Tiago Dantas utilizou a expressão “coexistência competitiva” em diferentes discursos, pronunciamentos e debates para fundamentar duas posições adotadas pelo Brasil em suas relações internacionais: a do restabelecimento das relações diplomáticas com a União Soviética e a do voto contrário ao isolamento de Cuba no hemisfério e à perspectiva de sua expulsão da Organização dos Estados Americanos (OEA). Esta referencia de S. T. Dantas inspirava-se, claramente, na política de “coexistência pacífica”, formulada por Chruschev no XX Congresso do PCUS de 1956 a qual, sublinhava a importância da distensão internacional e, reconhecia que o confronto entre os dois blocos (o socialista e o capitalista) não deveria constituir uma fatalidade histórica inevitável para os dois competidores. A proposta soviética da “coexistência” era a de considerar possível uma pacífica competição entre os dois sistemas na crença de que o socialismo demostrasse a todos os povos a sua superioridade e, deste modo, viesse a impor-se, principalmente, nos países industriais avançados pela via democrática e parlamentar. Para S. T. Dantas, o sentido da “coexistência competitiva” era o do desafio de colocar os dois mundos diferentes da Guerra Fria não apenas em contato, mas também em competição de modo a expor cada um deles à “influencia inevitável dos modelos, das realizações e das experiências processadas no outro”. Nesta apropriação específica do chanceler petebista e não diplomata, a política de coexistência competitiva deveria exercer na política interna brasileira um “permanente incentivo à reforma social, com a criação no seio da sociedade de pressões crescentes, que poderiam ser captadas para a modificação progressiva de sua estrutura, sem quebra da continuidade do regime democrático”. Assim, S. T. Dantas nos ofereceu, desde o início da década de 1960, dois exemplos virtuosos: a possibilidade de conceber e implementar um projeto coerente e articulado para a política interna e internacional do Brasil e, uma referencia positiva de politização da política externa brasileira com sua firme convicção de que a democracia associada às reformas sociais é, de todas as formas de governo, a que melhor resiste à confrontação e, portanto, a que melhor se impõe através da coexistência. |
first_indexed | 2024-12-17T13:12:21Z |
format | Article |
id | doaj.art-8f4b7c932c384abc8cc9683a9f69918a |
institution | Directory Open Access Journal |
issn | 2526-9038 |
language | English |
last_indexed | 2024-12-17T13:12:21Z |
publishDate | 2015-08-01 |
publisher | Associação Brasileira de Relações Internacionais |
record_format | Article |
series | Carta Internacional |
spelling | doaj.art-8f4b7c932c384abc8cc9683a9f69918a2022-12-21T21:47:05ZengAssociação Brasileira de Relações InternacionaisCarta Internacional2526-90382015-08-01102819610.21530/ci.v10n2.2015.275275San Tiago Dantas e sua política externa como instrumento da reforma social e da democraciaRenato Petrocchi0Instituto de Estudos Estratégicos da Universidade Federal Fluminense INEST/UFFPor ocasião do comando da Política Externa Independente, o chanceler San Tiago Dantas utilizou a expressão “coexistência competitiva” em diferentes discursos, pronunciamentos e debates para fundamentar duas posições adotadas pelo Brasil em suas relações internacionais: a do restabelecimento das relações diplomáticas com a União Soviética e a do voto contrário ao isolamento de Cuba no hemisfério e à perspectiva de sua expulsão da Organização dos Estados Americanos (OEA). Esta referencia de S. T. Dantas inspirava-se, claramente, na política de “coexistência pacífica”, formulada por Chruschev no XX Congresso do PCUS de 1956 a qual, sublinhava a importância da distensão internacional e, reconhecia que o confronto entre os dois blocos (o socialista e o capitalista) não deveria constituir uma fatalidade histórica inevitável para os dois competidores. A proposta soviética da “coexistência” era a de considerar possível uma pacífica competição entre os dois sistemas na crença de que o socialismo demostrasse a todos os povos a sua superioridade e, deste modo, viesse a impor-se, principalmente, nos países industriais avançados pela via democrática e parlamentar. Para S. T. Dantas, o sentido da “coexistência competitiva” era o do desafio de colocar os dois mundos diferentes da Guerra Fria não apenas em contato, mas também em competição de modo a expor cada um deles à “influencia inevitável dos modelos, das realizações e das experiências processadas no outro”. Nesta apropriação específica do chanceler petebista e não diplomata, a política de coexistência competitiva deveria exercer na política interna brasileira um “permanente incentivo à reforma social, com a criação no seio da sociedade de pressões crescentes, que poderiam ser captadas para a modificação progressiva de sua estrutura, sem quebra da continuidade do regime democrático”. Assim, S. T. Dantas nos ofereceu, desde o início da década de 1960, dois exemplos virtuosos: a possibilidade de conceber e implementar um projeto coerente e articulado para a política interna e internacional do Brasil e, uma referencia positiva de politização da política externa brasileira com sua firme convicção de que a democracia associada às reformas sociais é, de todas as formas de governo, a que melhor resiste à confrontação e, portanto, a que melhor se impõe através da coexistência.https://www.cartainternacional.abri.org.br/Carta/article/view/275san tiago dantaspolítica externareformas sociais e democracia |
spellingShingle | Renato Petrocchi San Tiago Dantas e sua política externa como instrumento da reforma social e da democracia Carta Internacional san tiago dantas política externa reformas sociais e democracia |
title | San Tiago Dantas e sua política externa como instrumento da reforma social e da democracia |
title_full | San Tiago Dantas e sua política externa como instrumento da reforma social e da democracia |
title_fullStr | San Tiago Dantas e sua política externa como instrumento da reforma social e da democracia |
title_full_unstemmed | San Tiago Dantas e sua política externa como instrumento da reforma social e da democracia |
title_short | San Tiago Dantas e sua política externa como instrumento da reforma social e da democracia |
title_sort | san tiago dantas e sua politica externa como instrumento da reforma social e da democracia |
topic | san tiago dantas política externa reformas sociais e democracia |
url | https://www.cartainternacional.abri.org.br/Carta/article/view/275 |
work_keys_str_mv | AT renatopetrocchi santiagodantasesuapoliticaexternacomoinstrumentodareformasocialedademocracia |