EFEITO ADVERSO AO USO DE INIBIDOR DE TIROSINOQUINASE: UM RELATO DE CASO
Introdução: A leucemia mieloide crônica (LMC) é uma neoplasia mieloproliferativa que aumenta o número de granulócitos maduros na circulação. A patogênese inclui a presença do cromossomo Philadelphia, que expressa uma tirosinoquinase. Para o tratamento da doença, utilizam-se drogas inibidoras da tiro...
Main Authors: | , , , , , , , , , |
---|---|
Format: | Article |
Language: | English |
Published: |
Elsevier
2023-10-01
|
Series: | Hematology, Transfusion and Cell Therapy |
Online Access: | http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2531137923006272 |
_version_ | 1797655050059776000 |
---|---|
author | MSR Oliveira LZ Munhoz IO Corrêa HP Filik FRC Silva TEV Costa DB Lamaison CF Gomes ER Passos LM Fogliatto |
author_facet | MSR Oliveira LZ Munhoz IO Corrêa HP Filik FRC Silva TEV Costa DB Lamaison CF Gomes ER Passos LM Fogliatto |
author_sort | MSR Oliveira |
collection | DOAJ |
description | Introdução: A leucemia mieloide crônica (LMC) é uma neoplasia mieloproliferativa que aumenta o número de granulócitos maduros na circulação. A patogênese inclui a presença do cromossomo Philadelphia, que expressa uma tirosinoquinase. Para o tratamento da doença, utilizam-se drogas inibidoras da tirosnoquinase (TKI), como nilotinibe. Traz-se um relato de caso de uma paciente feminina com farmacodermia grave pelo uso dos TKI. Relato de caso: Paciente feminina, 59 anos, diagnosticou em 2014 mielofibrose devido quadro inicial de leucocitose - no momento, com PCR para BCR-ABL negativo. Iniciou tratamento com hidroureia e após perda de resposta, com aumento de contagens celulares no hemograma, no final do ano de 2020, realizou novos exames de investigação que diagnosticaram a LMC em fase crônica, com positividade, então, para o PCR da mutação. Em Janeiro de 2021 iniciou terapia com Imatinibe. Após trinta dias do uso da medicação, apresentou vômitos em demasia, causando baixa aderência e piora dos exames hematimétricos. Houve refratariedade aos sintomáticos adotados e também surgimento de diarreia e neutropenia grave, motivo pelo qual contraindicou-se sequência da medicação até resolução dos sintomas. Apresentou nova piora com a reintrodução. Solicitou-se Nilotinibe. Com a troca da medicação, cessaram os sintomas grastrointestinais. Em novembro de 2021, com boa aderência à medicação, houve aparecimento de lesões cutâneas tipo “rash” por todo o corpo, para as quais recebeu tratamento sintomático, com boa resposta. Na sequência do tratamento, após um ano de uso houve reaparecimento de lesões cutâneas difusas, puriginosas, bem como sintomas gastrointestinais e febre de 38°C. Encaminhada nesse momento para equipe de Dermatologia. Em março, a paciente procurou o serviço de emergência, com piora importante das lesões. Realizada biópsia das lesões com resultado de “moderada espongiose e infiltrado inflamatório perivascular em derme superficial constituído de linfócitos e numerosos eosinófilos”, que correlacionado com a clínica da paciente e a temporalidade estabelecida, firmou-se o diagnóstico de farmacodermia secundária ao nilotinibe. Tratada com altas doses de corticoide. Após melhora do quadro cutâneo, tentou-se utilização de Dasatinibe. Apresentando nova piora das lesões, e novamente, foi suspensa a medicação. Optou-se por reintrodução do dasatinibe em doses reduzidas, associada à terapia imunossupressora/corticoterapia, com revisões semanais da paciente para observar resposta e desmame paulatino de corticoide. No retorno que ocorreu no final de maio de 2023, a paciente tem tido boa tolerância à medicação, mas ainda com doses subterapêuticas associadas a corticoterapia. Conclusão: Tendo em vista que o tratamento da LMC se faz com TKI, deve-se ter muita atenção ao aparecimento de sinais e sintomas adversos decorrentes da aderência medicamentosa. Como proposta terapêutica inicial de efeitos colaterais, tenta-se a suspensão com reintrodução da droga com doses menores e aumento consecutivo. No caso de recidiva dos colaterais, pode-se tentar troca da medicação ou associação com outros medicamentos para tratamento sintomático. Como no caso clínico, à intolerância gastrointestinal foi manejada com procinéticose antieméticos e a farmacodermia necessitou de uso de corticoterápico em doses elevadas com tentativa de desmame gradual. A alternativa à refratariedade à essas medidas ainda é o transplante de medula óssea alogênico. |
first_indexed | 2024-03-11T17:08:30Z |
format | Article |
id | doaj.art-8f7612d820eb4ccfa92a710e86058fce |
institution | Directory Open Access Journal |
issn | 2531-1379 |
language | English |
last_indexed | 2024-03-11T17:08:30Z |
publishDate | 2023-10-01 |
publisher | Elsevier |
record_format | Article |
series | Hematology, Transfusion and Cell Therapy |
spelling | doaj.art-8f7612d820eb4ccfa92a710e86058fce2023-10-20T06:41:48ZengElsevierHematology, Transfusion and Cell Therapy2531-13792023-10-0145S216EFEITO ADVERSO AO USO DE INIBIDOR DE TIROSINOQUINASE: UM RELATO DE CASOMSR Oliveira0LZ Munhoz1IO Corrêa2HP Filik3FRC Silva4TEV Costa5DB Lamaison6CF Gomes7ER Passos8LM Fogliatto9Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Porto Alegre, RS, Brasil; Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, Porto Alegre, RS, BrasilUniversidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Porto Alegre, RS, Brasil; Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, Porto Alegre, RS, BrasilUniversidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Porto Alegre, RS, Brasil; Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, Porto Alegre, RS, BrasilUniversidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Porto Alegre, RS, Brasil; Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, Porto Alegre, RS, BrasilUniversidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Porto Alegre, RS, Brasil; Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, Porto Alegre, RS, BrasilSanta Casa de Misericórdia de Porto Alegre, Porto Alegre, RS, BrasilSanta Casa de Misericórdia de Porto Alegre, Porto Alegre, RS, BrasilSanta Casa de Misericórdia de Porto Alegre, Porto Alegre, RS, BrasilUniversidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Porto Alegre, RS, BrasilUniversidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Porto Alegre, RS, Brasil; Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, Porto Alegre, RS, BrasilIntrodução: A leucemia mieloide crônica (LMC) é uma neoplasia mieloproliferativa que aumenta o número de granulócitos maduros na circulação. A patogênese inclui a presença do cromossomo Philadelphia, que expressa uma tirosinoquinase. Para o tratamento da doença, utilizam-se drogas inibidoras da tirosnoquinase (TKI), como nilotinibe. Traz-se um relato de caso de uma paciente feminina com farmacodermia grave pelo uso dos TKI. Relato de caso: Paciente feminina, 59 anos, diagnosticou em 2014 mielofibrose devido quadro inicial de leucocitose - no momento, com PCR para BCR-ABL negativo. Iniciou tratamento com hidroureia e após perda de resposta, com aumento de contagens celulares no hemograma, no final do ano de 2020, realizou novos exames de investigação que diagnosticaram a LMC em fase crônica, com positividade, então, para o PCR da mutação. Em Janeiro de 2021 iniciou terapia com Imatinibe. Após trinta dias do uso da medicação, apresentou vômitos em demasia, causando baixa aderência e piora dos exames hematimétricos. Houve refratariedade aos sintomáticos adotados e também surgimento de diarreia e neutropenia grave, motivo pelo qual contraindicou-se sequência da medicação até resolução dos sintomas. Apresentou nova piora com a reintrodução. Solicitou-se Nilotinibe. Com a troca da medicação, cessaram os sintomas grastrointestinais. Em novembro de 2021, com boa aderência à medicação, houve aparecimento de lesões cutâneas tipo “rash” por todo o corpo, para as quais recebeu tratamento sintomático, com boa resposta. Na sequência do tratamento, após um ano de uso houve reaparecimento de lesões cutâneas difusas, puriginosas, bem como sintomas gastrointestinais e febre de 38°C. Encaminhada nesse momento para equipe de Dermatologia. Em março, a paciente procurou o serviço de emergência, com piora importante das lesões. Realizada biópsia das lesões com resultado de “moderada espongiose e infiltrado inflamatório perivascular em derme superficial constituído de linfócitos e numerosos eosinófilos”, que correlacionado com a clínica da paciente e a temporalidade estabelecida, firmou-se o diagnóstico de farmacodermia secundária ao nilotinibe. Tratada com altas doses de corticoide. Após melhora do quadro cutâneo, tentou-se utilização de Dasatinibe. Apresentando nova piora das lesões, e novamente, foi suspensa a medicação. Optou-se por reintrodução do dasatinibe em doses reduzidas, associada à terapia imunossupressora/corticoterapia, com revisões semanais da paciente para observar resposta e desmame paulatino de corticoide. No retorno que ocorreu no final de maio de 2023, a paciente tem tido boa tolerância à medicação, mas ainda com doses subterapêuticas associadas a corticoterapia. Conclusão: Tendo em vista que o tratamento da LMC se faz com TKI, deve-se ter muita atenção ao aparecimento de sinais e sintomas adversos decorrentes da aderência medicamentosa. Como proposta terapêutica inicial de efeitos colaterais, tenta-se a suspensão com reintrodução da droga com doses menores e aumento consecutivo. No caso de recidiva dos colaterais, pode-se tentar troca da medicação ou associação com outros medicamentos para tratamento sintomático. Como no caso clínico, à intolerância gastrointestinal foi manejada com procinéticose antieméticos e a farmacodermia necessitou de uso de corticoterápico em doses elevadas com tentativa de desmame gradual. A alternativa à refratariedade à essas medidas ainda é o transplante de medula óssea alogênico.http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2531137923006272 |
spellingShingle | MSR Oliveira LZ Munhoz IO Corrêa HP Filik FRC Silva TEV Costa DB Lamaison CF Gomes ER Passos LM Fogliatto EFEITO ADVERSO AO USO DE INIBIDOR DE TIROSINOQUINASE: UM RELATO DE CASO Hematology, Transfusion and Cell Therapy |
title | EFEITO ADVERSO AO USO DE INIBIDOR DE TIROSINOQUINASE: UM RELATO DE CASO |
title_full | EFEITO ADVERSO AO USO DE INIBIDOR DE TIROSINOQUINASE: UM RELATO DE CASO |
title_fullStr | EFEITO ADVERSO AO USO DE INIBIDOR DE TIROSINOQUINASE: UM RELATO DE CASO |
title_full_unstemmed | EFEITO ADVERSO AO USO DE INIBIDOR DE TIROSINOQUINASE: UM RELATO DE CASO |
title_short | EFEITO ADVERSO AO USO DE INIBIDOR DE TIROSINOQUINASE: UM RELATO DE CASO |
title_sort | efeito adverso ao uso de inibidor de tirosinoquinase um relato de caso |
url | http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2531137923006272 |
work_keys_str_mv | AT msroliveira efeitoadversoaousodeinibidordetirosinoquinaseumrelatodecaso AT lzmunhoz efeitoadversoaousodeinibidordetirosinoquinaseumrelatodecaso AT iocorrea efeitoadversoaousodeinibidordetirosinoquinaseumrelatodecaso AT hpfilik efeitoadversoaousodeinibidordetirosinoquinaseumrelatodecaso AT frcsilva efeitoadversoaousodeinibidordetirosinoquinaseumrelatodecaso AT tevcosta efeitoadversoaousodeinibidordetirosinoquinaseumrelatodecaso AT dblamaison efeitoadversoaousodeinibidordetirosinoquinaseumrelatodecaso AT cfgomes efeitoadversoaousodeinibidordetirosinoquinaseumrelatodecaso AT erpassos efeitoadversoaousodeinibidordetirosinoquinaseumrelatodecaso AT lmfogliatto efeitoadversoaousodeinibidordetirosinoquinaseumrelatodecaso |