Summary: | A obra de Pessoa anuncia várias problemáticas da modernidade pós-nietzscheana. O poetapensador explora vias próximas da fenomenologia da vida, do Ser, do corpo ou do mundo. O nosso estudo faz dialogar Caeiro e Merleau-Ponty a partir da articulação da carne e do mundo, encarada sob o duplo prismo do Fora e do Aberto. O entrelaço entre o Eu e a Coisa\nem Caeiro dissolve os dualismos sujeito/objeto ou pensar/sentir, e permite superar, por baixo, pelo corpo sensível, as filosofias do cogito e da intencionalidade da consciência, desde Descartes até Husserl. Se Caeiro diz ser "o único poeta da Natureza", é porque a canta, e canta-a por isso mesmo que encontra o seu lugar no meio das coisas, tornando-se coisa entre as coisas, mas com uma consciência de si incorporada, peculiar ao sentir: "Sinto o meu corpo todo deitado na realidade."
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