Corpo sem órgãos e a produção da singularidade: A construção da máquina de guerra nômade

Este trabalho tem como objetivo central mostrar como o conceito de corpo sem órgãos, que apareceu, primeiramente, na obra de Antonin Artaud, e que será reativado por Gilles Deleuze e Félix Guattari, está diretamente associado à produção da máquina de guerra nômade. Neste aspecto, é preciso ir mais l...

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Main Author: Regina Schöpke
Format: Article
Language:English
Published: Editora Universitária Champagnat - PUCPRESS 2017-04-01
Series:Revista de Filosofia
Online Access:https://periodicos.pucpr.br/index.php/aurora/article/view/5697
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spelling doaj.art-91f46c7901bf49b08f6f0cecfd5406a52024-02-03T02:48:45ZengEditora Universitária Champagnat - PUCPRESSRevista de Filosofia0104-44431980-59342017-04-01294628530510.7213/1980-5934.29.046.AO015745Corpo sem órgãos e a produção da singularidade: A construção da máquina de guerra nômadeRegina Schöpke0Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Rio de Janeiro, RJ, BrasilEste trabalho tem como objetivo central mostrar como o conceito de corpo sem órgãos, que apareceu, primeiramente, na obra de Antonin Artaud, e que será reativado por Gilles Deleuze e Félix Guattari, está diretamente associado à produção da máquina de guerra nômade. Neste aspecto, é preciso ir mais longe na compreensão do sentido vital, existencial e político deste que não é um conceito propriamente dito, mas um modo de ser, um modo de se produzir e de produzir a existência. “Não é uma noção, um conceito, mas antes uma prática, um conjunto de práticas”, afirmam Deleuze e Guattari. Em um sentido bem estrito, trata-se da produção de um corpo mais pleno, mais vivo, mais intenso, um corpo de resistência para o desejo e para a própria vida, o que só é possível se  desconstruímos o corpo criado para servir docilmente aos poderes do campo social. Só que é aqui que reside o maior de todos os perigos: nem toda desconstrução se converte em criação de um corpo sem órgãos no sentido revolucionário. É preciso que a guerra vá além daquela que se trava contra os órgãos ou contra o organismo (que, aliás, se levada às últimas consequências, como sabia o próprio Artaud, significa simplesmente matar-se). A guerra é pela libertação da vida que foi aprisionada no homem e pelo próprio homem. É contra o niilismo, que nasce da opressão das forças vitais que transformou, por sua vez, nosso corpo e nossa razão em reféns dos poderes estabelecidos. Criar um corpo sem órgãos para si é já fazer parte de um devir nômade libertário, que é, antes de tudo, criador de novos modos de ser, de existir, de viver.https://periodicos.pucpr.br/index.php/aurora/article/view/5697
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