LEUCEMIA MIELOMONOCÍTICA CRÔNICA OU LEUCEMIA MIELOIDE AGUDA COM REARRANJO DO KMT2A? COMO CLASSIFICAR ESSES PACIENTES COM BASE NOS NOVOS CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DE 2022: RELATO DE CASO
Introdução: Em 2022, foram publicados pela World Health Organization (WHO), pela European Leukemia Net (ELN) e pelo International Consensus Classification (ICC) novos critérios diagnósticos para neoplasias mieloides. Estas classificações possuem pontos discordantes, como o diagnóstico de leucemia mi...
Main Authors: | , , , , , , , , , |
---|---|
Format: | Article |
Language: | English |
Published: |
Elsevier
2023-10-01
|
Series: | Hematology, Transfusion and Cell Therapy |
Online Access: | http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2531137923006867 |
_version_ | 1797654984392704000 |
---|---|
author | LDV Grassi V Weihermann MAC Sartori JVMF Junior FA Melo AFV Agreda EDRP Velloso VG Rocha EM Rego WFS Junior |
author_facet | LDV Grassi V Weihermann MAC Sartori JVMF Junior FA Melo AFV Agreda EDRP Velloso VG Rocha EM Rego WFS Junior |
author_sort | LDV Grassi |
collection | DOAJ |
description | Introdução: Em 2022, foram publicados pela World Health Organization (WHO), pela European Leukemia Net (ELN) e pelo International Consensus Classification (ICC) novos critérios diagnósticos para neoplasias mieloides. Estas classificações possuem pontos discordantes, como o diagnóstico de leucemia mieloide aguda (LMA) com rearranjo do gene KMT2A. Embora pela ELN e ICC haja a necessidade da contagem de blastos >10% na medula óssea (MO), pela WHO, o diagnóstico de LMA pode ser realizado com o achado isolado da alteração molecular, independente da contagem de blastos. Objetivo: Neste resumo, pretendemos descrever um caso clínico que confronta as novas classificações da WHO e ELN, visando ilustrar a dificuldade diagnóstica e terapêutica desse cenário. Material e métodos: Coleta de dados de prontuário de paciente atendida no Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo. Resultados: Mulher, 53 anos, com queixa de astenia e perda ponderal. Hemograma com anemia (Hb 7,1), plaquetopenia (28 mil), leucocitose (37590) com monocitose (18840) e neutrofilia (14640), achados comprovados em esfregaço de sangue periférico, sem achados de formas jovens. Mielograma: hipocelular, com hipercelularidade monocítica, sem displasia e sem aumento de blastos. Imunofenotipagem: 56% de monócitos (CD64+++/CD4++/CD45+++/CD11B++/CD13+++/IREM2+++/CD14++/CD56-/CD34-), sendo 95% monócitos clássicos (CD14 positivo/ CD16neg). Citogenética: 46,XX,t(11;19)(q23;p13)[11]/46,XX[1], rearranjo do gene KMT2A confirmado por FISH. Biópsia de medula óssea hipercelular (90%), hipocelularidade megacariocítica com presença de elementos hipolobados, hipercelularidade granulocítica e monocítica, 2% de células CD34+. Levantadas as hipóteses de leucemia mielomonocítica crônica (LMMC) e LMA com rearranjo KMT2A. Discutido tratamento entre azacitidina +/- venetoclax e tratamento intensivo, sendo optado por indução intensiva com ”7+3”, idealmente a ser consolidada com transplante alogênico de medula óssea (TMO). Discussão: Existe dúvida se a alteração molecular encontrada é suficiente para definirmos LMA, pois é conhecida a evolução da doença a partir desta alteração genética inicial. Sendo a paciente portadora de LMMC, a terapia inicial seria baseada em hipometilantes; sendo LMA, o tratamento seria com protocolos de indução que combinam antracíclicos e antimetabólitos, como o D3A7; ambos com proposta de TMO ao final do tratamento. Nesse caso foi optado por tratamento intensivo considerando idade, história natural de evolução da LMMC para LMA visto o rearranjo do gene KMT2A, o pior prognóstico da LMA de componente monocítico e a menor resposta que este subgrupo apresenta ao tratamento com hipometilantes associados a venetoclax. Limitada literatura em casos classificados como LMMC, porém apresentando rearranjo KMT2A demonstram que a evolução para LMA é uniformemente encontrada, com prognóstico reservado caso o TMO alogênico não seja realizado. Conclusão: As classificações de 2022 trazem consigo um enfoque cada vez maior das alterações genéticas para definição das neoplasias mieloides. Com novos critérios, surgem novas dúvidas, principalmente se há divergências entre as diretrizes. No caso apresentado, o achado da fusão envolvendo gene KMT2A em paciente com monocitose isolada leva à mudança diagnóstica e impacto direto na terapêutica, frisando a importância da genética em pacientes com neoplasia mieloide. |
first_indexed | 2024-03-11T17:07:33Z |
format | Article |
id | doaj.art-94d3437e44d546729e7e23ee8d0e2256 |
institution | Directory Open Access Journal |
issn | 2531-1379 |
language | English |
last_indexed | 2024-03-11T17:07:33Z |
publishDate | 2023-10-01 |
publisher | Elsevier |
record_format | Article |
series | Hematology, Transfusion and Cell Therapy |
spelling | doaj.art-94d3437e44d546729e7e23ee8d0e22562023-10-20T06:42:00ZengElsevierHematology, Transfusion and Cell Therapy2531-13792023-10-0145S252S253LEUCEMIA MIELOMONOCÍTICA CRÔNICA OU LEUCEMIA MIELOIDE AGUDA COM REARRANJO DO KMT2A? COMO CLASSIFICAR ESSES PACIENTES COM BASE NOS NOVOS CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DE 2022: RELATO DE CASOLDV Grassi0V Weihermann1MAC Sartori2JVMF Junior3FA Melo4AFV Agreda5EDRP Velloso6VG Rocha7EM Rego8WFS Junior9Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, SP, BrasilUniversidade de São Paulo (USP), São Paulo, SP, BrasilUniversidade de São Paulo (USP), São Paulo, SP, BrasilUniversidade de São Paulo (USP), São Paulo, SP, BrasilUniversidade de São Paulo (USP), São Paulo, SP, BrasilUniversidade de São Paulo (USP), São Paulo, SP, BrasilUniversidade de São Paulo (USP), São Paulo, SP, BrasilUniversidade de São Paulo (USP), São Paulo, SP, BrasilUniversidade de São Paulo (USP), São Paulo, SP, BrasilUniversidade de São Paulo (USP), São Paulo, SP, BrasilIntrodução: Em 2022, foram publicados pela World Health Organization (WHO), pela European Leukemia Net (ELN) e pelo International Consensus Classification (ICC) novos critérios diagnósticos para neoplasias mieloides. Estas classificações possuem pontos discordantes, como o diagnóstico de leucemia mieloide aguda (LMA) com rearranjo do gene KMT2A. Embora pela ELN e ICC haja a necessidade da contagem de blastos >10% na medula óssea (MO), pela WHO, o diagnóstico de LMA pode ser realizado com o achado isolado da alteração molecular, independente da contagem de blastos. Objetivo: Neste resumo, pretendemos descrever um caso clínico que confronta as novas classificações da WHO e ELN, visando ilustrar a dificuldade diagnóstica e terapêutica desse cenário. Material e métodos: Coleta de dados de prontuário de paciente atendida no Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo. Resultados: Mulher, 53 anos, com queixa de astenia e perda ponderal. Hemograma com anemia (Hb 7,1), plaquetopenia (28 mil), leucocitose (37590) com monocitose (18840) e neutrofilia (14640), achados comprovados em esfregaço de sangue periférico, sem achados de formas jovens. Mielograma: hipocelular, com hipercelularidade monocítica, sem displasia e sem aumento de blastos. Imunofenotipagem: 56% de monócitos (CD64+++/CD4++/CD45+++/CD11B++/CD13+++/IREM2+++/CD14++/CD56-/CD34-), sendo 95% monócitos clássicos (CD14 positivo/ CD16neg). Citogenética: 46,XX,t(11;19)(q23;p13)[11]/46,XX[1], rearranjo do gene KMT2A confirmado por FISH. Biópsia de medula óssea hipercelular (90%), hipocelularidade megacariocítica com presença de elementos hipolobados, hipercelularidade granulocítica e monocítica, 2% de células CD34+. Levantadas as hipóteses de leucemia mielomonocítica crônica (LMMC) e LMA com rearranjo KMT2A. Discutido tratamento entre azacitidina +/- venetoclax e tratamento intensivo, sendo optado por indução intensiva com ”7+3”, idealmente a ser consolidada com transplante alogênico de medula óssea (TMO). Discussão: Existe dúvida se a alteração molecular encontrada é suficiente para definirmos LMA, pois é conhecida a evolução da doença a partir desta alteração genética inicial. Sendo a paciente portadora de LMMC, a terapia inicial seria baseada em hipometilantes; sendo LMA, o tratamento seria com protocolos de indução que combinam antracíclicos e antimetabólitos, como o D3A7; ambos com proposta de TMO ao final do tratamento. Nesse caso foi optado por tratamento intensivo considerando idade, história natural de evolução da LMMC para LMA visto o rearranjo do gene KMT2A, o pior prognóstico da LMA de componente monocítico e a menor resposta que este subgrupo apresenta ao tratamento com hipometilantes associados a venetoclax. Limitada literatura em casos classificados como LMMC, porém apresentando rearranjo KMT2A demonstram que a evolução para LMA é uniformemente encontrada, com prognóstico reservado caso o TMO alogênico não seja realizado. Conclusão: As classificações de 2022 trazem consigo um enfoque cada vez maior das alterações genéticas para definição das neoplasias mieloides. Com novos critérios, surgem novas dúvidas, principalmente se há divergências entre as diretrizes. No caso apresentado, o achado da fusão envolvendo gene KMT2A em paciente com monocitose isolada leva à mudança diagnóstica e impacto direto na terapêutica, frisando a importância da genética em pacientes com neoplasia mieloide.http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2531137923006867 |
spellingShingle | LDV Grassi V Weihermann MAC Sartori JVMF Junior FA Melo AFV Agreda EDRP Velloso VG Rocha EM Rego WFS Junior LEUCEMIA MIELOMONOCÍTICA CRÔNICA OU LEUCEMIA MIELOIDE AGUDA COM REARRANJO DO KMT2A? COMO CLASSIFICAR ESSES PACIENTES COM BASE NOS NOVOS CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DE 2022: RELATO DE CASO Hematology, Transfusion and Cell Therapy |
title | LEUCEMIA MIELOMONOCÍTICA CRÔNICA OU LEUCEMIA MIELOIDE AGUDA COM REARRANJO DO KMT2A? COMO CLASSIFICAR ESSES PACIENTES COM BASE NOS NOVOS CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DE 2022: RELATO DE CASO |
title_full | LEUCEMIA MIELOMONOCÍTICA CRÔNICA OU LEUCEMIA MIELOIDE AGUDA COM REARRANJO DO KMT2A? COMO CLASSIFICAR ESSES PACIENTES COM BASE NOS NOVOS CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DE 2022: RELATO DE CASO |
title_fullStr | LEUCEMIA MIELOMONOCÍTICA CRÔNICA OU LEUCEMIA MIELOIDE AGUDA COM REARRANJO DO KMT2A? COMO CLASSIFICAR ESSES PACIENTES COM BASE NOS NOVOS CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DE 2022: RELATO DE CASO |
title_full_unstemmed | LEUCEMIA MIELOMONOCÍTICA CRÔNICA OU LEUCEMIA MIELOIDE AGUDA COM REARRANJO DO KMT2A? COMO CLASSIFICAR ESSES PACIENTES COM BASE NOS NOVOS CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DE 2022: RELATO DE CASO |
title_short | LEUCEMIA MIELOMONOCÍTICA CRÔNICA OU LEUCEMIA MIELOIDE AGUDA COM REARRANJO DO KMT2A? COMO CLASSIFICAR ESSES PACIENTES COM BASE NOS NOVOS CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DE 2022: RELATO DE CASO |
title_sort | leucemia mielomonocitica cronica ou leucemia mieloide aguda com rearranjo do kmt2a como classificar esses pacientes com base nos novos criterios diagnosticos de 2022 relato de caso |
url | http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2531137923006867 |
work_keys_str_mv | AT ldvgrassi leucemiamielomonociticacronicaouleucemiamieloideagudacomrearranjodokmt2acomoclassificaressespacientescombasenosnovoscriteriosdiagnosticosde2022relatodecaso AT vweihermann leucemiamielomonociticacronicaouleucemiamieloideagudacomrearranjodokmt2acomoclassificaressespacientescombasenosnovoscriteriosdiagnosticosde2022relatodecaso AT macsartori leucemiamielomonociticacronicaouleucemiamieloideagudacomrearranjodokmt2acomoclassificaressespacientescombasenosnovoscriteriosdiagnosticosde2022relatodecaso AT jvmfjunior leucemiamielomonociticacronicaouleucemiamieloideagudacomrearranjodokmt2acomoclassificaressespacientescombasenosnovoscriteriosdiagnosticosde2022relatodecaso AT famelo leucemiamielomonociticacronicaouleucemiamieloideagudacomrearranjodokmt2acomoclassificaressespacientescombasenosnovoscriteriosdiagnosticosde2022relatodecaso AT afvagreda leucemiamielomonociticacronicaouleucemiamieloideagudacomrearranjodokmt2acomoclassificaressespacientescombasenosnovoscriteriosdiagnosticosde2022relatodecaso AT edrpvelloso leucemiamielomonociticacronicaouleucemiamieloideagudacomrearranjodokmt2acomoclassificaressespacientescombasenosnovoscriteriosdiagnosticosde2022relatodecaso AT vgrocha leucemiamielomonociticacronicaouleucemiamieloideagudacomrearranjodokmt2acomoclassificaressespacientescombasenosnovoscriteriosdiagnosticosde2022relatodecaso AT emrego leucemiamielomonociticacronicaouleucemiamieloideagudacomrearranjodokmt2acomoclassificaressespacientescombasenosnovoscriteriosdiagnosticosde2022relatodecaso AT wfsjunior leucemiamielomonociticacronicaouleucemiamieloideagudacomrearranjodokmt2acomoclassificaressespacientescombasenosnovoscriteriosdiagnosticosde2022relatodecaso |