O conto, o cânone e suas fronteiras: uma abordagem em Mato Grosso, Brasil
A circulação da antologia Panorama do conto brasileiro, lançada pela Civilização Brasileira, em 1959, embora seja considerada mais historiográfica que estética, ofereceu abrangente quadro do gênero, reunindo, em três volumes, os denominados “regionais”: o mineiro, o do norte (em dois volumes dedica...
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Published: |
UA Editora
2019-02-01
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A circulação da antologia Panorama do conto brasileiro, lançada pela Civilização Brasileira, em 1959, embora seja considerada mais historiográfica que estética, ofereceu abrangente quadro do gênero, reunindo, em três volumes, os denominados “regionais”: o mineiro, o do norte (em dois volumes dedicados ao conto do nordeste) e o conto do Rio de Janeiro (cariocas e fluminenses). Ao retomar os estudos sobre o tema, este artigo objetiva repensar esse panorama a partir da produção literária de/em Mato Grosso. Da tradição ao contemporâneo, das bases históricas ao estilo de composição, é possível precisar três momentos paradigmáticos: o da fase inicial, com acento na fabulação e no caráter eminentemente telúrico; o momento da fusão dos campos popular e erudito na composição do estatuto literário, e o das marcas do fantástico e do alegórico nas atuais tendências estéticas. Colocar em perspectiva o conto produzido em outros eixos possibilita, não só compreender e difundir o campo literário de produção, mas reconstituir o “desenho cultural” em que a memória latente passa a compor o conjunto da construção do acervo latino-americano, evitando que o poder instale sua própria narrativa, como propõe Ana Pizarro (2005). Nesse sentido, as representações tencionam diálogos que constituem a pluralidade da cultura brasileira, projetando discursos que se reatualizam e permitem revisão da história literária. É possível, assim, reconhecer o papel do intelectual de margem, cuja tarefa, na visão de Edward Said (2005), consiste em derrubar os estereótipos e as categorias redutoras que limitam o pensamento humano e a comunicação.
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