Diálogos intermídias, ou política de identidades em sala de aula
Este artigo reflete sobre uma experiência didática com alunos de Letras, a quem ministrei, no Rio de Janeiro, a disciplina Diálogos Intermídias, em 2011. Partindo do princípio de que as palavras significam porque podem se descontextualizar (BAUMAN & BRIGGS, 1990) ou se deslocar de seus contextos...
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Format: | Article |
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Published: |
Universidade Estadual de Campinas
2016-04-01
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Series: | Trabalhos em Linguística Aplicada |
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Online Access: | https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/tla/article/view/8645391 |
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author | Daniel Nascimento Silva |
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description | Este artigo reflete sobre uma experiência didática com alunos de Letras, a quem ministrei, no Rio de Janeiro, a disciplina Diálogos Intermídias, em 2011. Partindo do princípio de que as palavras significam porque podem se descontextualizar (BAUMAN & BRIGGS, 1990) ou se deslocar de seus contextos “originais” (DERRIDA, 1977) – isto é, significam porque viajam –, a disciplina investigou a viagem de signos entre campos teóricos diversos: da literatura para a clínica, da etnografia para a literatura, das favelas para a universidade. O ponto central é que o ensino e a aprendizagem que se desenrolaram no centro da cidade do Rio de Janeiro, ou no centro carioca (karaí’oca significa ‘casa de branco’ em tupinambá), não foram atividades de cognição humana, mas de condição humana – isto é, para além de meras questões cognitivas na relação linguagem-ensino, o que se desvelou nessa relação foi a emergência de posicionamentos humanos particulares (RAJAGOPALAN, 2002). Numa perspectiva da mútua constituição entre linguagem e sociedade, investigo posicionamentos identitários que emergiram na leitura e em comentários sobre textos que descontroem versões dominantes de gênero, sexualidade, raça e subjetividade.
Abstract
This paper reflects upon a didactic experience with students who took the Intermedia Dialogues, a class that I taught in Rio de Janeiro in 2011. Starting from the principle that words mean what they mean because they can decontextualize themselves (BAUMAN & BRIGGS, 1990) or move beyond their “original” contexts (DERRIDA, 1977) – i.e., they mean because they “travel,” the discipline investigated how signs traveled within different theories: from fiction to clinic, from ethnography to fiction, from the favelas to the university. The main point here is that both teaching and learning that unfolded in that context, in the center of Rio de Janeiro, or the Carioca center (karai’oca means ‘the house of the white’ in Tupinamba language) was not properly an activity of human cognition, but of human condition – i.e., beyond mere cognitive issues in the language-teaching relation, this very relation rendered the emergence of particular human dispositions (RAJAGOPALAN, 2002). In following a perspective that takes language and society to be mutually constitutive, I scrutinize the identity claims that emerged in the ways students read and commented on texts that deconstruct dominant versions of gender, sexuality, race and subjectivity.
Keywords: context; decontextualization; identity; teaching; reading |
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