O rompimento da barragem de Fundão e a ascensão do capitalismo de desastre no Brasil

O 5 de novembro de 2015, a barragem de rejeitos minerais de Fundão, de propriedade da Samarco (Vale SA/BHP Billiton), rompeu-se, deixando dezenove mortos, milhares de atingidos e um rastro de destruição ao longo da Bacia do Rio Doce. Este artigo visa compreender a relação entre o rompimento da barr...

Full description

Bibliographic Details
Main Authors: Claudia Rojas, Doralice Barros Pereira
Format: Article
Language:English
Published: Universidad Nacional de Colombia 2023-01-01
Series:Cuadernos de Geografía: Revista Colombiana de Geografía
Subjects:
Online Access:https://revistas.unal.edu.co/index.php/rcg/article/view/94479
_version_ 1797934912606568448
author Claudia Rojas
Doralice Barros Pereira
author_facet Claudia Rojas
Doralice Barros Pereira
author_sort Claudia Rojas
collection DOAJ
description O 5 de novembro de 2015, a barragem de rejeitos minerais de Fundão, de propriedade da Samarco (Vale SA/BHP Billiton), rompeu-se, deixando dezenove mortos, milhares de atingidos e um rastro de destruição ao longo da Bacia do Rio Doce. Este artigo visa compreender a relação entre o rompimento da barragem e a ascensão do capitalismo de desastre no Brasil. As informações foram coletadas em fontes primárias e secundárias e em trabalhos de campo. Conclui-se que o rompimento do reservatório possibilitou a realização do primeiro experimento de grande monta do capitalismo de desastre no Brasil que se efetivou a partir de três terapias de choque. A primeira foi o próprio rompimento da barragem, que apesar de ser evitável, aconteceu de maneira abrupta e violenta. A segunda terapia foi um ambicioso programa econômico neoliberal, antidemocrático e impopular, adotado para reparar e compensar os danos ocasionados. Não sendo suficiente, os atingidos foram ainda submetidos a diversos mecanismos e técnicas de tortura coletiva que contribuíram para reduzir o gasto social, neutralizar a resistência ao tratamento econômico e consolidar a ascensão do capitalismo de desastre no Brasil.  Em suma, os três choques permitiram o desenho de uma nova “normalidade” — mais doentia, brutal e perversa —, benéfica apenas para uma pequena elite empresarial global.
first_indexed 2024-04-10T18:06:16Z
format Article
id doaj.art-990ac7f0720a47ca98be7a5742ef498b
institution Directory Open Access Journal
issn 0121-215X
2256-5442
language English
last_indexed 2024-04-10T18:06:16Z
publishDate 2023-01-01
publisher Universidad Nacional de Colombia
record_format Article
series Cuadernos de Geografía: Revista Colombiana de Geografía
spelling doaj.art-990ac7f0720a47ca98be7a5742ef498b2023-02-02T13:06:37ZengUniversidad Nacional de ColombiaCuadernos de Geografía: Revista Colombiana de Geografía0121-215X2256-54422023-01-0132110.15446/rcdg.v32n1.94479O rompimento da barragem de Fundão e a ascensão do capitalismo de desastre no BrasilClaudia Rojas0Doralice Barros Pereira1Universidade Federal de Minas GeraisUniversidade Federal de Minas Gerais O 5 de novembro de 2015, a barragem de rejeitos minerais de Fundão, de propriedade da Samarco (Vale SA/BHP Billiton), rompeu-se, deixando dezenove mortos, milhares de atingidos e um rastro de destruição ao longo da Bacia do Rio Doce. Este artigo visa compreender a relação entre o rompimento da barragem e a ascensão do capitalismo de desastre no Brasil. As informações foram coletadas em fontes primárias e secundárias e em trabalhos de campo. Conclui-se que o rompimento do reservatório possibilitou a realização do primeiro experimento de grande monta do capitalismo de desastre no Brasil que se efetivou a partir de três terapias de choque. A primeira foi o próprio rompimento da barragem, que apesar de ser evitável, aconteceu de maneira abrupta e violenta. A segunda terapia foi um ambicioso programa econômico neoliberal, antidemocrático e impopular, adotado para reparar e compensar os danos ocasionados. Não sendo suficiente, os atingidos foram ainda submetidos a diversos mecanismos e técnicas de tortura coletiva que contribuíram para reduzir o gasto social, neutralizar a resistência ao tratamento econômico e consolidar a ascensão do capitalismo de desastre no Brasil.  Em suma, os três choques permitiram o desenho de uma nova “normalidade” — mais doentia, brutal e perversa —, benéfica apenas para uma pequena elite empresarial global. https://revistas.unal.edu.co/index.php/rcg/article/view/94479barragemBrasilcapitalismocrises ecológicasdesastreeconomia de mercado
spellingShingle Claudia Rojas
Doralice Barros Pereira
O rompimento da barragem de Fundão e a ascensão do capitalismo de desastre no Brasil
Cuadernos de Geografía: Revista Colombiana de Geografía
barragem
Brasil
capitalismo
crises ecológicas
desastre
economia de mercado
title O rompimento da barragem de Fundão e a ascensão do capitalismo de desastre no Brasil
title_full O rompimento da barragem de Fundão e a ascensão do capitalismo de desastre no Brasil
title_fullStr O rompimento da barragem de Fundão e a ascensão do capitalismo de desastre no Brasil
title_full_unstemmed O rompimento da barragem de Fundão e a ascensão do capitalismo de desastre no Brasil
title_short O rompimento da barragem de Fundão e a ascensão do capitalismo de desastre no Brasil
title_sort o rompimento da barragem de fundao e a ascensao do capitalismo de desastre no brasil
topic barragem
Brasil
capitalismo
crises ecológicas
desastre
economia de mercado
url https://revistas.unal.edu.co/index.php/rcg/article/view/94479
work_keys_str_mv AT claudiarojas orompimentodabarragemdefundaoeaascensaodocapitalismodedesastrenobrasil
AT doralicebarrospereira orompimentodabarragemdefundaoeaascensaodocapitalismodedesastrenobrasil