Habilidades de comunicação

O entendimento do processo saúde-doença muda com o tempo histórico, tendo seguido uma tendência a cada vez mais patologizar fenômenos antes tidos como naturais, abrindo caminho para um cenário de valorização de excessos. Diante disso e da importância de proteger as pessoas dos possíveis danos causad...

Full description

Bibliographic Details
Main Authors: Mírian Santana Barbosa, Letícia Gonçalves Caldeira, Luiza de Alcântara Dutra, Francisca Brandão Martins e Mafra, Diana Marques Gazola
Format: Article
Language:English
Published: Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade 2021-05-01
Series:Revista Brasileira de Medicina de Família e Comunidade
Subjects:
Online Access:https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/2582
Description
Summary:O entendimento do processo saúde-doença muda com o tempo histórico, tendo seguido uma tendência a cada vez mais patologizar fenômenos antes tidos como naturais, abrindo caminho para um cenário de valorização de excessos. Diante disso e da importância de proteger as pessoas dos possíveis danos causados pelas intervenções médicas, surgiu a prevenção quaternária (P4), que versa sobre uma medicina menos iatrogênica, evitando sobrediagnóstico, sobremedicalização e intervenções desnecessárias. Contudo, na prática clínica, médicos encontram diversos entraves para a sua aplicação, sendo comum não utilizá-la, mesmo se tendo consciência de sua importância. Dentre essas barreiras, destacam-se a dificuldade de negar uma demanda ao paciente e de lidar com situações de discordância, a pouca destreza argumentativa, e o medo de deixar de fazer um diagnóstico ou de perder a confiança da relação. O presente ensaio discute técnicas de habilidades de comunicação, à luz da medicina centrada na pessoa, com o objetivo de auxiliar médicos e médicas diante dessas dificuldades. Partindo de situações cotidianas, foram buscadas respostas em referências científicas, como livros, artigos e manuais. Algumas dessas técnicas apresentadas são: como negar uma demanda, entender o desejo pessoal por uma intervenção médica, lidar com a divergência de ideias, explorar a experiência da não-concordância, desprescrever medicações e compartilhar as decisões. Espera-se que, a partir desta leitura, os profissionais se sintam mais preparados e motivados para nadar contra a corrente hegemônica das intervenções médicas desnecessárias, contribuindo para que a medicina avance no sentido de promover o melhor cuidado possível às pessoas, sobretudo, primeiro não lhes causando mal.
ISSN:1809-5909
2179-7994