"Porto Feliz": património em segurança

As imagens idealizadas difundidas pelos processos de patrimonialização elidem com frequência as ideologias de urbanidade em que se baseiam. Analisando duas operações relacionadas com o centro histórico da cidade do Porto, tombado património mundial em 1995, são evidenciadas e questionadas algumas de...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Paulo Peixoto
Format: Article
Language:English
Published: Universidade Federal do Rio Grande do Sul 2005-06-01
Series:Horizontes Antropológicos
Subjects:
Online Access:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-71832005000100008
Description
Summary:As imagens idealizadas difundidas pelos processos de patrimonialização elidem com frequência as ideologias de urbanidade em que se baseiam. Analisando duas operações relacionadas com o centro histórico da cidade do Porto, tombado património mundial em 1995, são evidenciadas e questionadas algumas dessas ideologias. Em concreto é examinado um programa designado "Porto Feliz", cujo objectivo é retirar da paisagem urbana elementos humanos supostamente incompatíveis com o estatuto patrimonial que essa paisagem ostenta. É também discutido um manual de difusão de boas práticas de uso do espaço doméstico e dos espaços de uso comum supostamente adequadas a uma zona patrimonialmente consagrada. Se conclui que a passagem de uma cultura vivida a uma cultura exibida, que o estatuto patrimonial implica, assenta em operações de higienização e disciplinamento.<br>The idealized images spread out by the heritage processes hide very often the urbanity ideologies in which they are based. Analyzing two operations related with the historical city center of the Portuguese town of Porto, recognized has world heritage in 1995, we put in evidence and we try to discuss some of these ideologies. "Porto Feliz" is appointed and examined as a program whose aim is to eradicate of the urban landscape human elements supposedly incompatible with the heritage status that this landscape exhibits. A manual of diffusion of good practices about the use of the domestic space and the common public spaces, apparently adjusted to a zone consecrated as a valuable heritage place, is also analyzed. We conclude that the transition from a lived culture to an exhibited culture, that the heritage status implies, depend on disciplinarian and hygienic operations.
ISSN:0104-7183
1806-9983