Para onde foi a lama da barragem de Fundão (Mariana, Minas Gerais)? A distribuição dos rejeitos ao longo dos vales fluviais afetados pelo desastre da Samarco/Vale/BHP

Após o rompimento de uma barragem com mais de 60 milhões de m³ de rejeitos de ferro, localizada em Mariana, Minas Gerais, um enorme fluxo de detritos e lama alterou a morfologia e morfodinâmica dos vales fluviais a jusante. Parte dos rejeitos foi levada até o Oceano Atlântico, mas um grande volume p...

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Bibliographic Details
Main Authors: Miguel Fernandes Felippe, Laís Carneiro Mendes
Format: Article
Language:English
Published: Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri 2022-07-01
Series:Revista Espinhaço
Subjects:
Online Access:https://revistas.ufvjm.edu.br/revista-espinhaco/article/view/191
Description
Summary:Após o rompimento de uma barragem com mais de 60 milhões de m³ de rejeitos de ferro, localizada em Mariana, Minas Gerais, um enorme fluxo de detritos e lama alterou a morfologia e morfodinâmica dos vales fluviais a jusante. Parte dos rejeitos foi levada até o Oceano Atlântico, mas um grande volume permanece acomodado no fundo dos vales fluviais da bacia do rio Doce. Surge então a pergunta: onde esses sedimentos se acomodaram? Uma resposta breve indicaria que quanto mais perto da barragem, mais largos são os depósitos. Mas isso não é o que encontramos no campo. Níveis de base (locais e regionais) como cachoeiras, corredeiras e confluências desempenham um papel importante no controle da energia do rio e, portanto, das zonas de deposição sedimentar. Este trabalho tem como objetivo mostrar a relação entre a largura dos depósitos de rejeitos ao longo dos vales afetados pelo rompimento da Barragem do Fundão e o perfil geomorfológico dos rios. Utilizamos uma abordagem topográfica, baseada em dados de radar e imagens de satélite, associada a excursões de campo para interpretar a distribuição longitudinal de rejeitos. Os resultados reforçam a relevância dos knickpoints para compreender a tragédia e a fragilidade de modelos automáticos e simplistas para prever os efeitos do rompimento de barragens.
ISSN:2317-0611