Memória e migração: Mato Grosso e o romance de formação
O caráter da literatura brasileira produzida em Mato Grosso/Brasil passa pelo sentido (e norteamento) de um projeto delineado pelo trabalho dos intelectuais que exerceram, nas primeiras décadas do século XX, papel preponderante nos caminhos da construção de uma identidade regional. As obras que con...
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UA Editora
2016-01-01
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O caráter da literatura brasileira produzida em Mato Grosso/Brasil passa pelo sentido (e norteamento) de um projeto delineado pelo trabalho dos intelectuais que exerceram, nas primeiras décadas do século XX, papel preponderante nos caminhos da construção de uma identidade regional. As obras que condensam a historiografia literária acentuam o isolamento dos espaços que mantinham comunicação com o centro hegemônico de produção através de precários meios fluviais ou terrestres com os quais, paradoxalmente, se ligavam ao mundo. Após a primeira metade do século XX delineia-se uma nova cartografia regional demarcada pelo trânsito entre as culturas oriundas dos movimentos migratórios, cujos antagonismos produziram, de maneira nem sempre harmoniosa, outras formas de criação artística e padrões sociais. Nessa perspectiva, vemos os primeiros romances escritos em Mato Grosso construídos em meio a essa “intensidade” histórica (Benjamin, 1985) entre a tradição a ser preservada e a modernidade a ser assimilada (ou rejeitada). Embora timidamente, a “periferia move-se” (Bosi, 2010) na/pela ação das personagens que se articulam no universo plural de sentimentos “estrangeiros” na obra literária. Essa duplicidade cultural produz visões de mundo e formas de representação diversas, o que não deixa de ser um ganho à cultura local, pois como fala Octávio Paz (1999), o romance é o lugar por excelência da representação literária da “outridade”. Nesse sentido, buscando compreender o universo romanesco que fornece sentidos diversos para se pensar a formação do romance em Mato Grosso, estas reflexões trazem aspectos relacionais entre as obras Luz e sombras, de Feliciano Galdino de Barros (1917), Mirko, de Francisco Bianco Filho (1927), Piedade, de José de Mesquita (1928) e Era um poaieiro, de Alfredo Marien (1944) que reconhecem, como explica Rosenfeld (1969), o que é corriqueiro na ciência e na filosofia.
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