IMPACTO DOS NÍVEIS DE IGA SALIVAR NOS TECIDOS DENTÁRIOS E PERIODONTAIS APÓS O TRANSPLANTE DE CÉLULAS-TRONCO HEMATOPOIÉTICAS

Introdução: Após o transplante de células-tronco hematopoiéticas (TCTH) a recuperação do sistema imunológico é instável e com produção deficiente de imunoglobulinas. Neste contexto, a IgA salivar desempenha um importante papel de defesa de primeira linha da mucosa oral. Este estudo teve como objetiv...

Full description

Bibliographic Details
Main Authors: GA Ramos, MCR Moreira, SQC Lourenço, HS Antunes
Format: Article
Language:English
Published: Elsevier 2023-10-01
Series:Hematology, Transfusion and Cell Therapy
Online Access:http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2531137923018114
Description
Summary:Introdução: Após o transplante de células-tronco hematopoiéticas (TCTH) a recuperação do sistema imunológico é instável e com produção deficiente de imunoglobulinas. Neste contexto, a IgA salivar desempenha um importante papel de defesa de primeira linha da mucosa oral. Este estudo teve como objetivo avaliar se as alterações no índice gengival, índice de placa e CPOD dos pacientes submetidos ao TCTH estão associados às alterações dos níveis da IgA e à DECH crônica oral. Materiais e métodos: Trata-se de uma coorte prospectivarealizada de maio/2017 até abril/2022, na qual foram incluídos pacientes submetidos ao TCTH alogênico. Utilizamos uma amostra de conveniência representada por todos os pacientes submetidos ao TCTH alogênico, encaminhados pelo Centro de Transplante de Medula Óssea para avaliação odontológica. Realizou-se uma avaliação odontológica com coleta de saliva para avaliação da sialometria e avaliação da IgA a cada 6 meses. Este estudo foi aprovado pelo CEP institucional (CAAE 04066512.1.1001.5274). Resultados: Foram incluídos 144 pacientes e destes foram selecionados 48 pacientes que possuíam três amostras de saliva em períodos diferentes do TCTH. Não se observou associação entre os níveis de IgA salivar e a presença ou não de DECH crônica oral e/ou sistêmica (p = 0,235) e nem entre a IgA salivar e a presença e/ou ausência de DECH crônica oral apenas (p = 0,144). O índice gengival não demonstrou associação com o IgA salivar, mas o aumento do índice de placa das consultas pós-TCTH quando comparado as consultas pré-TCTH, teve uma associação significante (p = 0,002). Observou-se correlação do aumento do CPO-D quando comparado entre os pacientes do pré-TCTH e do pós-TCTH (p = 0,000), entretanto o índice CPO-D não teve correlação com a IgA salivar (p = 0,643). Foi possível observar que houve aumento dos índices de placa e o aumento do CPO-D dessa população com o passar do tempo de transplante. Discussão: Este estudo contemplou pacientes em diferentes estágios do TCTH. Ao comparar o período das consultas pré-TCTH com pós-TCTH, pode-se observar que os níveis de IgA salivar tendem a diminuir em um primeiro momento e tendem a aumentar com o decorrer do tempo de pós-TCTH. Analisando a correlação entre o IgA salivar e o fluxo salivar, apesar de não ter sido observado um resultado significante, devemos levar em consideração que a hipossalivação é prejudicial para a manutenção da qualidade de vida e da saúde oral. Observou-se que em mais da metade das consultas os índices de placa eram entre grau 2 e 3, demonstrando uma higiene oral deficiente, apesar da avaliação dos pacientes e adequação do meio bucal no pré e pós-TCTH. Estes índices de placa elevados associados a alterações quantitativas da saliva podem contribuir para o aparecimento de cáries nestes pacientes. Apesar de não termos observado uma correlação dos níveis da IgA com as alterações dentárias, o aumento significativo dos níveis da IgA entre o pré e pós-TCTH e do índice de placa entre o pré e pós-TCTH, pode ser estudado como um marcador para respostas inflamatórias na mucosa oral. Conclusão: Neste estudo podemos concluir que existe uma correlação entre os níveis de IgA entre o período pré e pós-TCTH e que existe uma associação significativa entre os índices de placa do pré-TCTH com o aumento dos índices do pós-TCTH. Observamos um aumento significativo do CPO-D do pós-TCTH com o pré-TCTH e não foi encontrado uma associação entre os níveis de IgA e a piora dos índices de placa, índice de CPO-D e presença de DECHc. Estes dados reforçam a necessidade de acompanhamento desses pacientes e a realização de mais estudos para melhor entendimento das alterações de outros componentes da saliva em relação as alterações em cavidade oral no pós-TCTH.
ISSN:2531-1379