O caráter insondável das ações morais em Kant The insondable character of moral actions on Kant

À primeira vista, o que parece razoavelmente defensável na posição kantiana, com base na Fundamentação da Metafísica dos Costumes, é que as ações imorais são insondáveis, mas não o são como as ações morais. Estas são sempre insondáveis, aquelas quando vestem a conformidade ao dever, pois quando são...

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Bibliographic Details
Main Author: Aguinaldo Pavão
Format: Article
Language:English
Published: Universidade Estadual Paulista 2007-01-01
Series:Trans/Form/Ação
Subjects:
Online Access:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-31732007000100008
Description
Summary:À primeira vista, o que parece razoavelmente defensável na posição kantiana, com base na Fundamentação da Metafísica dos Costumes, é que as ações imorais são insondáveis, mas não o são como as ações morais. Estas são sempre insondáveis, aquelas quando vestem a conformidade ao dever, pois quando são contrárias ao dever são sondáveis. Mas na Crítica da Razão Pura (1980b, p.279, n.; B 579, n.80) Kant afirma que "a moralidade própria das ações (mérito e culpa), mesmo a de nosso próprio comportamento, permanece-nos totalmente oculta", pois não sabemos o quanto devemos imputar ao efeito puro da liberdade ou à simples natureza. Assim, ao que parece Kant defende duas posições. Uma, apregoando a insondabilidade parcial das ações imorais, outra uma opacidade total da qualidade moral das ações. Julgo, contudo, que, no fundo, Kant pode sustentar, sem cair em contradição, tanto a posição de que (a) as ações contrárias ao dever sinalizam a maldade de uma máxima como a tese de que (b) o mérito ou demérito moral jamais pode ser observado. A primeira alternativa é a que verificamos, por exemplo, na Fundamentação da Metafísica dos Costumes e que também na Religião desempenha um importante papel, uma vez que Kant tem de assumir, de algum modo, a experiência de ações más. Já a segunda tese parece ter um fundo eminentemente especulativo. Ela visa a mostrar a indecidibilidade metafísica acerca da qualidade moral de uma máxima.<br>We may say, on the basis of the Groundwork, that the moral actions are always unfathomable and that the immoral actions are unfathomable just when dress the conformity to the duty, therefore when they are contrary to the duty are fathomable. But in the Critique of Pure Reason (B 579) Kant affirms that "the real morality of actions, their merit or guilt, even that of our own conduct, thus remains entirely hidden from us". Therefore do not we know how much is ascribable to the pure effect of freedom or to the simple nature. Thus, Kant looks defends two positions. One, proclaiming that immoral actions are partially unfathomable, another a total obscurity of the moral quality of the actions. I judge, however, that, at bottom, Kant can maintain, without fall in contradiction, that (a) the contrary actions to the duty signal the wickedness of a maxim and that (b) the moral merit or moral unworthy can never be observed. To first alternative is assumed by Kant to account for experience of immoral actions (cf. Religion). The second thesis looks to have an eminently speculative bottom. It aims to show that moral quality of a maxim is undecidable metaphysically.
ISSN:0101-3173
1980-539X