CITOPENIA GRAVE PÓS TRANSPLANTE DE MEDULA ÓSSEA ALOGÊNICO DECORRENTE DE LINFOCITOSE LARGE GRANULAR

Objetivos: Relatar caso de linfocitose large granular (LGL) após transplante de medula óssea alogênico aparentado. Material e métodos: Análise retrospectiva de dados de registros médicos no Hospital de Câncer de Pernambuco. Resultados: Paciente de sexo masculino, sem outras comorbidades, teve diagnó...

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Bibliographic Details
Main Authors: HC Moura, VECB Dantas, SRS Moura, RA Assis
Format: Article
Language:English
Published: Elsevier 2023-10-01
Series:Hematology, Transfusion and Cell Therapy
Online Access:http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2531137923007368
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description Objetivos: Relatar caso de linfocitose large granular (LGL) após transplante de medula óssea alogênico aparentado. Material e métodos: Análise retrospectiva de dados de registros médicos no Hospital de Câncer de Pernambuco. Resultados: Paciente de sexo masculino, sem outras comorbidades, teve diagnóstico em 2017 de leucemia mieloide aguda subtipo mielomonocítica. Realizou indução com esquema 7+3 (citarabina e daunorrubicina) e consolidação com citarabina em altas doses. Fez transplante de medula óssea alogênico aparentado (doadora irmã 100% compatível). Foi acompanhado por doença do enxerto-versus-hospedeiro crônica em pulmão e fez uso de imunossupressão com ciclosporina até 2020. Em 2022 evoluiu, após infecção do trato respiratório, com anemia (Hb 7 g/dL), plaquetopenia (25000/mm3) e linfocitose (12000/mm3). Estudo do quimerismo por VNTR constatou quimera completa. Realizada avaliação medular com mielograma e biopsia com achado de infiltrado linfocitário predominantemente T de aspecto reacional, e sem evidências de neoplasia. Imunofenotipagem de sangue periférico constatou 45% de linfócitos T large granulares. Foi considerado diagnóstico de LGL-T e iniciada prednisona 60 mg/dia. Após 3 meses de tratamento, paciente apresentou hemoglobina de valor 10 g/dL, normalização de linfócitos e plaquetas 125000/mm3. Discussão: A LGL é um distúrbio linfoproliferativo crônico de células T ou NK maduras. Os linfócitos envolvidos nesta condição tem morfologia típica, caracterizada por células grandes, com abundante citoplasma e presença de grânulos azurófilos. A citometria de fluxo de LGL-T é tipicamente positiva para CD3, CD8, CD57 e TCRαβ, e negativa para CD4, CD27 e CD28. Mutações Stat3 e Stat5b são observadas em 30-75% dos casos. Já a citometria de LGL-NK é positiva para CD8 e CD56, e negativa para CD3. As mutações de Stat3 são encontradas em 30-48% dos casos de LGL-NK. A LGL já foi descrita tanto em pacientes pós transplantes de órgãos sólidos como transplantes alogênicos de medula óssea (TMOAlo). A maioria dos casos de LGL pós TMOAlo é assintomática, identificados apenas com linfocitose. Esta alteração celular geralmente é policlonal. Estes pacientes usualmente não precisam de tratamento. Estudos evidenciaram que os pacientes com LGL assintomática podem. inclusive ter melhores desfechos pós TMO, menor incidência de recaída e aumento de sobrevida. Em contraste com a LGL de perfil benigno, existem casos mais raros, como o paciente deste relato, que apresentam LGL sintomática. O quadro clínico se relaciona ao contexto de anemia, infecções oportunistas decorrentes de neutropenia, sintomas B, esplenomegalia e/ou fenômenos autoimunes. A terapia imunossupressora pode ser eficaz para estes pacientes, principalmente na melhora da neutropenia. A primeira linha mais utilizada é corticoesteroide com dose de prednisona 1 mg/kg/dia por até 4 semanas, seguido de desmame lento de 4 semanas ou mais. Outras opções medicamentosas também registradas na literatura são tacrolimus, ciclosporina e imunoglobulina venosa. Conclusão: LGL é deve ser considerada em todo paciente com linfocitose, citopenias ou manifestações autoimunes inexplicadas após transplante. Estudos adicionais são necessários para correlacionar potenciais efeitos da LGL no prognóstico a longo prazo nos pacientes pós transplantes.
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