Uma Visão Medicinal-Recreativo-Sacramental da Cannabis

Desde o início do segundo milênio, o movimento social antiproibicionista brasileiro enfrenta um problema caracterizado pela divisão que se faz entre as formas de uso da Cannabis; uma problemática provocada em grande medida por um posicionamento predominante no século XIX, que tem os seus desdobrame...

Full description

Bibliographic Details
Main Authors: Jan Clefferson Costa de Freitas, Geovane de Sousa Almeida, Diego Marcos Barros de Castro
Format: Article
Language:English
Published: Editora Uece 2023-07-01
Series:Polymatheia
Subjects:
Online Access:https://revistas.uece.br/index.php/revistapolymatheia/article/view/10744
Description
Summary:Desde o início do segundo milênio, o movimento social antiproibicionista brasileiro enfrenta um problema caracterizado pela divisão que se faz entre as formas de uso da Cannabis; uma problemática provocada em grande medida por um posicionamento predominante no século XIX, que tem os seus desdobramentos repercutidos no século XXI, em especial nos discursos e narrativas provindas do senso comum, sem o lastreio do conhecimento científico. As pesquisas científicas contemporâneas comprovam os efeitos benéficos da maconha para o tratamento de diversos tipos de patologias. Entretanto, a hipervalorização destas benesses terapêuticas acabaram por promover um paradigma ultrapassado do ponto de vista epistemológico, uma distinção que supervaloriza o usuário medicinal em detrimento do recreativo e sacramental. O objetivo deste artigo consiste em demonstrar, por meio de uma análise da epistemologia social, os prejuízos antropológicos, culturais, filosóficos, geográficos, históricos, psicológicos, sociológicos e até mesmo terapêuticos desta tricotomia, ou, como se apresenta hoje para a opinião pública, as desastrosas consequências desta divisão cirúrgica que separa o uso medicinal dos usos lúdicos e ritualísticos da Cannabis. A partir da definição de saúde estabelecida como consenso pela OMS, isto é, o bem-estar físico-mental-social, tanto as atividades ritualísticas quanto as lúdicas promovem a homeostase do corpo, da mente e da civilização. Dessa maneira, a conclusão que se pretende apresentar é de que o uso recreativo e ritual da Cannabis pode ser compreendido também como medicinal. Para entender melhor o argumento em desenvoltura, a tessitura vai ter início com um levantamento artístico, científico, filosófico e místico do uso de substâncias psicoativas para despertar a criatividade e expandir a consciência. Por fim, além de estabelecer uma conexão entre as variedades de uso da maconha, os serviços de prevenção para usuários e as políticas de redução de danos serão posicionados entre novos paradigmas políticos e éticos: para que seja justificada pelos autores do presente artigo, a importância da equivalência entre os aspectos recreativos, medicinais e ritualísticos da Cannabis.   
ISSN:1984-9575