INTERAÇÃO MEDICAMENTOSA GRAVE ENTRE ACALABRUTINIBE E ESCITALOPRAM EM PACIENTE COM LINFOMA DO MANTO: RELATO DE CASO

Introdução: Acalabrutinibe é um inibidor de tirosina quinase de Bruton (iBTK), de segunda geração, indicado para algumas neoplasias de células B. Alguns dos eventos adversos do iBTKi decorre da inibição fora do alvo de receptores, como das quinases da família TEC. Os iBTK de 2° geração tem maior esp...

Full description

Bibliographic Details
Main Authors: LFE Santana, LBD Santos, LV Oliveira, NA Leite, RML Borges, MBV Lima
Format: Article
Language:English
Published: Elsevier 2023-10-01
Series:Hematology, Transfusion and Cell Therapy
Online Access:http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2531137923009239
_version_ 1797654988385681408
author LFE Santana
LBD Santos
LV Oliveira
NA Leite
RML Borges
MBV Lima
author_facet LFE Santana
LBD Santos
LV Oliveira
NA Leite
RML Borges
MBV Lima
author_sort LFE Santana
collection DOAJ
description Introdução: Acalabrutinibe é um inibidor de tirosina quinase de Bruton (iBTK), de segunda geração, indicado para algumas neoplasias de células B. Alguns dos eventos adversos do iBTKi decorre da inibição fora do alvo de receptores, como das quinases da família TEC. Os iBTK de 2° geração tem maior especificidade, menor inibição fora do alvo e melhor perfil de segurança, quando comparado aos de 1°geração. O caso clínico descrito ratifica os riscos associados a polifarmácia, que favorece reações adversas através de interações medicamentosas. Relato de caso: Paciente masculino, 86 anos, portador de Linfoma de Células do Manto recidivado, cursou com disfagia por lesão neoplásica extensa em orofaringe e traqueia. Devido risco de obstrução de vias áreas foi realizado COP citorredutor, com redução de mais de 50% das lesões. Posteriormente foi optado, devido idade, fragilidade e comorbidades, por iniciar Acalabrutinibe. Após 8 dias de IBTK, paciente evoluiu com lesões equimóticas em braços, com evolução progressiva, erupção purpúrica extensa, endurecida e confluente com edema subcutâneo, afetando toda extensão de membro superior direito. O quadro motivou internação por suspeita de isquemia. Diagnósticos diferenciais incluíram doenças autoimunes, infecção e vasculite. Exames de imagem afastaram fatores trombóticos e compressivos. Autoanticorpos, coagulograma e bioquímica sem alterações. Sem resposta à antibioticoterapia empírica. Descartada outras causas, a manifestação cutânea foi caracterizada como evento adverso não hematológico ao IBTKi agravado pelo uso de escitalopram. Discussão: Efeitos colaterais dos IBTK são o principal motivo de descontinuidade no primeiro ano, o que pode se traduzir em sobrevidas globais e livres de progressão menores. Eventos dermatológicos são caracterizados por hematomas, infecções/erupções, foliculite, paniculite. As toxicidades cutâneas são comuns, entretanto a maioria dos casos são leves. A frequência de eventos dermatológicos é de 23-33%; 31-39% e 43% respectivamente para Ibrutinibe, Acalabrutinibe e Zanubrutinibe. Neste caso a biópsia de pele evidenciou apenas dermatoporose e atrofia epidérmica, comuns em idosos, susceptível a hematomas dissecantes profundos. Associa-se à inibição de TEC quinases, alterando sinalização de receptores plaquetários, como glicoproteína VI e fator de von Willebrand. O escitalopram também inibe a agregação e ativação plaquetária. Ambos são metabolizados pela enzima CYP3A4. A interação entre estes fármacos, apresenta categoria de risco grau C, devendo ser monitorizado pelo potencial de aumentar o efeito anti-plaquetário, contudo não foi descrito se o compartilhamento da via de metabolização possa alterar o nível sérico do Acalabrutinibe, potencializando os seus eventos adversos ou apenas a ação antiplaquetária das drogas justificaria apresentação clínica no caso relatado. Considerando risco-benefício, optou-se por manter Acalabrutinibe e substituir escitalopram por outra classe. O paciente evoluiu com absorção progressiva do hematoma e sem recorrência de lesões. Conclusão: O caso clínico destaca evento adverso cutâneo exuberante pela associação do acalabrutinibe com Escitalopram. A ocorrência de interações medicamentosas como a descrita chama atenção da necessidade de conhecer o perfil de farmacocinética e farmacodinâmica das drogas, como subsídio na reconciliação medicamentosa.
first_indexed 2024-03-11T17:07:36Z
format Article
id doaj.art-9f4e3dfb4fc7488ca7b04ac7d6334f9e
institution Directory Open Access Journal
issn 2531-1379
language English
last_indexed 2024-03-11T17:07:36Z
publishDate 2023-10-01
publisher Elsevier
record_format Article
series Hematology, Transfusion and Cell Therapy
spelling doaj.art-9f4e3dfb4fc7488ca7b04ac7d6334f9e2023-10-20T06:43:27ZengElsevierHematology, Transfusion and Cell Therapy2531-13792023-10-0145S394INTERAÇÃO MEDICAMENTOSA GRAVE ENTRE ACALABRUTINIBE E ESCITALOPRAM EM PACIENTE COM LINFOMA DO MANTO: RELATO DE CASOLFE Santana0LBD Santos1LV Oliveira2NA Leite3RML Borges4MBV Lima5Hospital Universitário Professor Edgard Santos (HUPES), Universidade Federal da Bahia (UFBA), Salvador, BA, BrasilHospital Universitário Professor Edgard Santos (HUPES), Universidade Federal da Bahia (UFBA), Salvador, BA, BrasilHospital Universitário Professor Edgard Santos (HUPES), Universidade Federal da Bahia (UFBA), Salvador, BA, BrasilHospital Universitário Professor Edgard Santos (HUPES), Universidade Federal da Bahia (UFBA), Salvador, BA, BrasilHospital Universitário Professor Edgard Santos (HUPES), Universidade Federal da Bahia (UFBA), Salvador, BA, BrasilHospital Universitário Professor Edgard Santos (HUPES), Universidade Federal da Bahia (UFBA), Salvador, BA, BrasilIntrodução: Acalabrutinibe é um inibidor de tirosina quinase de Bruton (iBTK), de segunda geração, indicado para algumas neoplasias de células B. Alguns dos eventos adversos do iBTKi decorre da inibição fora do alvo de receptores, como das quinases da família TEC. Os iBTK de 2° geração tem maior especificidade, menor inibição fora do alvo e melhor perfil de segurança, quando comparado aos de 1°geração. O caso clínico descrito ratifica os riscos associados a polifarmácia, que favorece reações adversas através de interações medicamentosas. Relato de caso: Paciente masculino, 86 anos, portador de Linfoma de Células do Manto recidivado, cursou com disfagia por lesão neoplásica extensa em orofaringe e traqueia. Devido risco de obstrução de vias áreas foi realizado COP citorredutor, com redução de mais de 50% das lesões. Posteriormente foi optado, devido idade, fragilidade e comorbidades, por iniciar Acalabrutinibe. Após 8 dias de IBTK, paciente evoluiu com lesões equimóticas em braços, com evolução progressiva, erupção purpúrica extensa, endurecida e confluente com edema subcutâneo, afetando toda extensão de membro superior direito. O quadro motivou internação por suspeita de isquemia. Diagnósticos diferenciais incluíram doenças autoimunes, infecção e vasculite. Exames de imagem afastaram fatores trombóticos e compressivos. Autoanticorpos, coagulograma e bioquímica sem alterações. Sem resposta à antibioticoterapia empírica. Descartada outras causas, a manifestação cutânea foi caracterizada como evento adverso não hematológico ao IBTKi agravado pelo uso de escitalopram. Discussão: Efeitos colaterais dos IBTK são o principal motivo de descontinuidade no primeiro ano, o que pode se traduzir em sobrevidas globais e livres de progressão menores. Eventos dermatológicos são caracterizados por hematomas, infecções/erupções, foliculite, paniculite. As toxicidades cutâneas são comuns, entretanto a maioria dos casos são leves. A frequência de eventos dermatológicos é de 23-33%; 31-39% e 43% respectivamente para Ibrutinibe, Acalabrutinibe e Zanubrutinibe. Neste caso a biópsia de pele evidenciou apenas dermatoporose e atrofia epidérmica, comuns em idosos, susceptível a hematomas dissecantes profundos. Associa-se à inibição de TEC quinases, alterando sinalização de receptores plaquetários, como glicoproteína VI e fator de von Willebrand. O escitalopram também inibe a agregação e ativação plaquetária. Ambos são metabolizados pela enzima CYP3A4. A interação entre estes fármacos, apresenta categoria de risco grau C, devendo ser monitorizado pelo potencial de aumentar o efeito anti-plaquetário, contudo não foi descrito se o compartilhamento da via de metabolização possa alterar o nível sérico do Acalabrutinibe, potencializando os seus eventos adversos ou apenas a ação antiplaquetária das drogas justificaria apresentação clínica no caso relatado. Considerando risco-benefício, optou-se por manter Acalabrutinibe e substituir escitalopram por outra classe. O paciente evoluiu com absorção progressiva do hematoma e sem recorrência de lesões. Conclusão: O caso clínico destaca evento adverso cutâneo exuberante pela associação do acalabrutinibe com Escitalopram. A ocorrência de interações medicamentosas como a descrita chama atenção da necessidade de conhecer o perfil de farmacocinética e farmacodinâmica das drogas, como subsídio na reconciliação medicamentosa.http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2531137923009239
spellingShingle LFE Santana
LBD Santos
LV Oliveira
NA Leite
RML Borges
MBV Lima
INTERAÇÃO MEDICAMENTOSA GRAVE ENTRE ACALABRUTINIBE E ESCITALOPRAM EM PACIENTE COM LINFOMA DO MANTO: RELATO DE CASO
Hematology, Transfusion and Cell Therapy
title INTERAÇÃO MEDICAMENTOSA GRAVE ENTRE ACALABRUTINIBE E ESCITALOPRAM EM PACIENTE COM LINFOMA DO MANTO: RELATO DE CASO
title_full INTERAÇÃO MEDICAMENTOSA GRAVE ENTRE ACALABRUTINIBE E ESCITALOPRAM EM PACIENTE COM LINFOMA DO MANTO: RELATO DE CASO
title_fullStr INTERAÇÃO MEDICAMENTOSA GRAVE ENTRE ACALABRUTINIBE E ESCITALOPRAM EM PACIENTE COM LINFOMA DO MANTO: RELATO DE CASO
title_full_unstemmed INTERAÇÃO MEDICAMENTOSA GRAVE ENTRE ACALABRUTINIBE E ESCITALOPRAM EM PACIENTE COM LINFOMA DO MANTO: RELATO DE CASO
title_short INTERAÇÃO MEDICAMENTOSA GRAVE ENTRE ACALABRUTINIBE E ESCITALOPRAM EM PACIENTE COM LINFOMA DO MANTO: RELATO DE CASO
title_sort interacao medicamentosa grave entre acalabrutinibe e escitalopram em paciente com linfoma do manto relato de caso
url http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2531137923009239
work_keys_str_mv AT lfesantana interacaomedicamentosagraveentreacalabrutinibeeescitalopramempacientecomlinfomadomantorelatodecaso
AT lbdsantos interacaomedicamentosagraveentreacalabrutinibeeescitalopramempacientecomlinfomadomantorelatodecaso
AT lvoliveira interacaomedicamentosagraveentreacalabrutinibeeescitalopramempacientecomlinfomadomantorelatodecaso
AT naleite interacaomedicamentosagraveentreacalabrutinibeeescitalopramempacientecomlinfomadomantorelatodecaso
AT rmlborges interacaomedicamentosagraveentreacalabrutinibeeescitalopramempacientecomlinfomadomantorelatodecaso
AT mbvlima interacaomedicamentosagraveentreacalabrutinibeeescitalopramempacientecomlinfomadomantorelatodecaso