A influência do input na produção infantil de perguntas-QU em Português Brasileiro

No português brasileiro (PB), podemos fazer perguntas movendo o elemento interrogativo à esquerda (“O que o gato comeu __?”) ou mantendo-o in situ (“O gato comeu o quê?”). As estratégias parecem, à primeira vista, opcionais e o QU-in situ é reportado como uma estratégia produtiva no PB paulistano ad...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Clariana Lara Vieira
Format: Article
Language:Portuguese
Published: Universidade Federal do Rio de Janeiro 2023-03-01
Series:Revista Linguística
Subjects:
Online Access:https://revistas.ufrj.br/index.php/rl/article/view/52431
Description
Summary:No português brasileiro (PB), podemos fazer perguntas movendo o elemento interrogativo à esquerda (“O que o gato comeu __?”) ou mantendo-o in situ (“O gato comeu o quê?”). As estratégias parecem, à primeira vista, opcionais e o QU-in situ é reportado como uma estratégia produtiva no PB paulistano adulto (LOPES-ROSSI, 1996; OUSHIRO, 2012). Todavia, estudos com base no PB paulistano infantil espontâneo observam que as crianças quase nunca (ou nunca) produzem essa opção (SIKANSI, 1999; GROLLA, 2000; GROLLA, 2009). Já no dialeto falado em Vitória da Conquista (BA), observado por Lessa-de-Oliveira (2003), a construção emerge bem cedo na fala das crianças, sendo o mais utilizado no input recebido por elas. Para a autora, as crianças seguem um percurso de aquisição das estruturas interrogativas guiado por sua frequência no input. Com o objetivo de explorar a ordem de emergência das estratégias interrogativas na fala infantil e comparar ao input recebido pelas crianças, observamos um corpus de dados naturalísticos de cinco crianças falantes de PB paulistano, com faixa etária entre 1;02.28 e 4;11.12. Em nossos dados, as crianças preferiram o QU-movido, enquanto os adultos optaram mais vezes pelo QU-que. Além disso, o QU-in situ, sendo a estratégia menos utilizada pelas crianças, no geral, foi produtiva na fala adulta. Os resultados indicam que uma alta frequência no input de dada construção não induz necessariamente a sua maior produtividade na fala infantil.
ISSN:1808-835X
2238-975X