Summary: | RuMoRes, revista científica online dedicada aos estudos de comunicação, linguagem e mídias trata, em sua edição de número 16, da relação entre formações identitárias e os vários gêneros presentes nos discursos imagéticos. Aborda, assim, desde o material cinematográfico, televisivo e fotográfico, até os formatos que desafiam as fronteiras da imagem, seja associada à palavra escrita, à tela ideológica, aos afetos ou aos lugares de visibilidade social.
A imagem da televisão pública brasileira, através do caso emblemático da TV Brasil, é analisada por Iluska Coutinho, Allana Meirelles Vieira e Roberta Braga Chaves, apresentando resultados da pesquisa “Avaliação do telejornalismo da TV Brasil – monitoramento do cumprimento dos direitos à comunicação e à informação”. Também no limiar das esferas de identificação entre o público e o privado, Vander Casaqui estuda a ideologia do empreendedorismo social através dos sites de organizações portuguesas, apontando um tempo de crise do estado de bem-estar social português. Samuel Mateus, por sua vez, volta seu olhar ao espaço físico dos shopping centers para pensar o tipo de sociabilidade itinerante que se institui nesse ambiente prioritariamente dedicado ao consumo para fins privados.
No campo da produção audiovisual, buscando lançar um olhar também político, social e cultural através de uma obra cinematográfica, Cláudio Coração e André de Paula Eduardo analisam Badlands (1973), primeiro filme do diretor Terrence Malick. Defendendo que minisséries de televisão no Brasil estão mais abertas à experimentação, Felipe Muanis preocupa-se com as questões de identidade e regionalização neste tipo de produção nacional. Seguindo no arcabouço imagético da produção nacional, Rodrigo Carreiro segue os traços da figura do zumbi no cinema brasileiro, preocupando-se com uma leitura política da mesma.
Desafiando a representação de práticas comunicacionais, culturais e midiáticas, três artigos se entrecruzam. Francisco Trento e Thiago Venanzoni tratam da relação entre afetos contemporâneos e comunicação, adentrando as possibilidades de uma fenomenologia dos afetos. Em seu texto, Denise Figueiredo Prado percorre o valor expressivo das práticas culturais de grupos considerados periféricos incluídos no programa Central da periferia. A elaboração sobre uma nova classe média é abordada por Rafael Grohmann a partir do discurso da revista IstoÉ Dinheiro, estabelecendo relações entre identidade, discurso e consumo.
A prática jornalística também é recuperada em sua possibilidade de construção identitária e cultural. Atílio Avancini relata o ensino de fotojornalismo como forma de contribuir para o acesso e difusão cultural. Regina Lúcia Alves de Lima e Antonio Carlos Fausto da Silva Júnior buscam fazer frente a estratégias discursivas de cunho sensacionalista ao recuperar as dimensões identitárias do jornalismo midiatizado na Amazônia. O papel das mulheres no telejornalismo cultural é pleiteado por Ana Temer e Mônica Vieira, refletindo sobre sua história em três telejornais matinais de emissoras de sinal aberto brasileiras: Fala Brasil (Rede Record), Notícias da manhã (SBT) e Bom dia Brasil (Rede Globo).
Em nome de uma interação, confrontam-se questões identitárias no âmbito dos posicionamentos religiosos, da regulação sobre os corpos e no entendimento sobre processos cognitivos. No artigo “Em nome de uma fé plural: a diversidade religiosa do programa Sagrado da Rede Globo”, Emilson Ferreira Júnior e Robéria Nascimento tratam dos desígnios do pluralismo religioso apresentado na mídia, especificamente no programa Sagrado. A possibilidade da tomada dos corpos como interface midiática é analisada por Gustavo Audi, recorrendo a jogos narrativos de videogame para observar as formas de imersão e interatividade. Já Melissa Ribeiro Almeida, pensando as formas de recepção televisiva, analisa processos de cognição que se somam no assistir à televisão com a interação online. Recorre, como objeto, ao site TV Square, dedicado à medição de audiência da televisão nacional em mídias sociais.
Durante esse ano, buscamos apresentar uma gama variada de temas, teorias, objetos e perspectivas analíticas. Buscamos, sobretudo, trazer questionamentos e posicionamentos críticos em relação às mídias, na perspectiva dos estudos de linguagem, visando ampliar e reverberar suas praticas discursivas num momento em que a problemática das imagens e dos regimes de visibilidade a ela associados se tornam cada vez mais prementes.
Esperamos continuar divulgando e debatendo parte da produção acadêmica brasileira nos artigos publicados na revista, desejando aos leitores e leitoras de RuMoRes um excelente novo ano!
Boas leituras!
Rosana de Lima Soares e Andrea Limberto
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