A violência na perspectiva histórica e sociológica de Gilberto Freyre em “Casa Grande e Senzala”

O texto é resultado da análise da obra ‘Casa Grande e Senzala’, de Gilberto Freire. Importante sociólogo brasileiro e um dos grandes interpretes nacionais. Análise feita com o objetivo de investigarmos o fenômeno da violência, de modo a compreendermos como esta (a violência) se constituiu, desde a c...

Full description

Bibliographic Details
Main Authors: Leila Tombini, Eduardo Nunes Jacondino
Format: Article
Language:Spanish
Published: Centro Latino-Americano de Estudos em Cultura 2017-12-01
Series:Revista Latino Americana de Estudos em Cultura e Sociedade
Subjects:
Online Access:http://periodicos.claec.org/index.php/relacult/article/view/884
_version_ 1828392128132153344
author Leila Tombini
Eduardo Nunes Jacondino
author_facet Leila Tombini
Eduardo Nunes Jacondino
author_sort Leila Tombini
collection DOAJ
description O texto é resultado da análise da obra ‘Casa Grande e Senzala’, de Gilberto Freire. Importante sociólogo brasileiro e um dos grandes interpretes nacionais. Análise feita com o objetivo de investigarmos o fenômeno da violência, de modo a compreendermos como esta (a violência) se constituiu, desde a colonização, enquanto elemento intrínseco da sociabilidade brasileira. Violência, em grande medida, desencadeada pelo homem branco, colonizador, em direção as “raças inferiores”, indígenas e negros. Mesmo que o trabalho “pesado” tenha sido feito pelo negro, desde os tempos da “Casa Grande”, morada do Senhor/colonizador, percebe-se que o mesmo foi alvo permanente de práticas de violência por parte do colonizador. Fato que sucede a tentativa, fracassada, por parte do europeu, num primeiro momento, de colonizar o índio, morador nativo das terras brasileiras. Que, por sua vez, não se habituou aos costumes advindos da Europa e, em especial, à imposição do trabalho realizado nos engenhos de extração do açúcar. O interesse do colonizador pautou-se na extração de riquezas. Não servindo o índio, a esta função, foi utilizado o africano, na qualidade de escravo. Ora na produção agrícola, ora na manutenção da casa do senhor de engenho. Do ponto de vista das mulheres, indígenas e negras, estas tiveram participação especial no processo de colonização/miscigenação. No caso das mulheres negras, em especial, ora servindo como “reprodutoras”, ora cuidando da alimentação da família dos Senhores de engenho, ora cuidando dos filhos destes. Mulheres que foram humilhadas e violentadas duplamente, por vezes, uma vez que os senhores as usavam para satisfazer seus desejos e uma vez que as senhoras, esposas dos senhores de engenho, por vezes autorizavam a tortura destas mulheres; por conta do ciúme de sua beleza e ou por conta do envolvimento mais intenso, por parte de algum Senhor de Engenho, com estas. As mulheres indígenas, mais especificamente, contribuíram de forma mais significativa, para a colonização/miscigenação, do que os homens indígenas. Isto por conta de seu conhecimento no trato com os alimentos, por exemplo. Mulheres que caíam facilmente nas graças do homem branco, em troca de serem presenteadas “com qualquer objeto”. O indígena era ingênuo, o português, sagaz. A formação do povo brasileiro foi feita por meio das mais diversas formas de violência, tais como aquelas advindas da imposição de costumes, por meio da escravidão, por meio da violência de gênero. A “casa grande” disparou várias formas de violência no tecido social brasileiro. Seja na forma de castigos físicos, seja na forma de torturas, humilhações e até mesmo por meio do extermínio de indivíduos/grupos sociais. Traços que demarcaram a identidade, a sociabilidade brasileira e que perduram no contemporâneo.
first_indexed 2024-12-10T07:16:01Z
format Article
id doaj.art-a44e2978b462459fb42fa4f5c736072a
institution Directory Open Access Journal
issn 2525-7870
language Spanish
last_indexed 2024-12-10T07:16:01Z
publishDate 2017-12-01
publisher Centro Latino-Americano de Estudos em Cultura
record_format Article
series Revista Latino Americana de Estudos em Cultura e Sociedade
spelling doaj.art-a44e2978b462459fb42fa4f5c736072a2022-12-22T01:57:57ZspaCentro Latino-Americano de Estudos em CulturaRevista Latino Americana de Estudos em Cultura e Sociedade2525-78702017-12-013310.23899/relacult.v3i3.884467A violência na perspectiva histórica e sociológica de Gilberto Freyre em “Casa Grande e Senzala”Leila Tombini0Eduardo Nunes Jacondino1Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE)Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE)O texto é resultado da análise da obra ‘Casa Grande e Senzala’, de Gilberto Freire. Importante sociólogo brasileiro e um dos grandes interpretes nacionais. Análise feita com o objetivo de investigarmos o fenômeno da violência, de modo a compreendermos como esta (a violência) se constituiu, desde a colonização, enquanto elemento intrínseco da sociabilidade brasileira. Violência, em grande medida, desencadeada pelo homem branco, colonizador, em direção as “raças inferiores”, indígenas e negros. Mesmo que o trabalho “pesado” tenha sido feito pelo negro, desde os tempos da “Casa Grande”, morada do Senhor/colonizador, percebe-se que o mesmo foi alvo permanente de práticas de violência por parte do colonizador. Fato que sucede a tentativa, fracassada, por parte do europeu, num primeiro momento, de colonizar o índio, morador nativo das terras brasileiras. Que, por sua vez, não se habituou aos costumes advindos da Europa e, em especial, à imposição do trabalho realizado nos engenhos de extração do açúcar. O interesse do colonizador pautou-se na extração de riquezas. Não servindo o índio, a esta função, foi utilizado o africano, na qualidade de escravo. Ora na produção agrícola, ora na manutenção da casa do senhor de engenho. Do ponto de vista das mulheres, indígenas e negras, estas tiveram participação especial no processo de colonização/miscigenação. No caso das mulheres negras, em especial, ora servindo como “reprodutoras”, ora cuidando da alimentação da família dos Senhores de engenho, ora cuidando dos filhos destes. Mulheres que foram humilhadas e violentadas duplamente, por vezes, uma vez que os senhores as usavam para satisfazer seus desejos e uma vez que as senhoras, esposas dos senhores de engenho, por vezes autorizavam a tortura destas mulheres; por conta do ciúme de sua beleza e ou por conta do envolvimento mais intenso, por parte de algum Senhor de Engenho, com estas. As mulheres indígenas, mais especificamente, contribuíram de forma mais significativa, para a colonização/miscigenação, do que os homens indígenas. Isto por conta de seu conhecimento no trato com os alimentos, por exemplo. Mulheres que caíam facilmente nas graças do homem branco, em troca de serem presenteadas “com qualquer objeto”. O indígena era ingênuo, o português, sagaz. A formação do povo brasileiro foi feita por meio das mais diversas formas de violência, tais como aquelas advindas da imposição de costumes, por meio da escravidão, por meio da violência de gênero. A “casa grande” disparou várias formas de violência no tecido social brasileiro. Seja na forma de castigos físicos, seja na forma de torturas, humilhações e até mesmo por meio do extermínio de indivíduos/grupos sociais. Traços que demarcaram a identidade, a sociabilidade brasileira e que perduram no contemporâneo.http://periodicos.claec.org/index.php/relacult/article/view/884Violênciacolonizaçãosenhoresnegrosindígenas
spellingShingle Leila Tombini
Eduardo Nunes Jacondino
A violência na perspectiva histórica e sociológica de Gilberto Freyre em “Casa Grande e Senzala”
Revista Latino Americana de Estudos em Cultura e Sociedade
Violência
colonização
senhores
negros
indígenas
title A violência na perspectiva histórica e sociológica de Gilberto Freyre em “Casa Grande e Senzala”
title_full A violência na perspectiva histórica e sociológica de Gilberto Freyre em “Casa Grande e Senzala”
title_fullStr A violência na perspectiva histórica e sociológica de Gilberto Freyre em “Casa Grande e Senzala”
title_full_unstemmed A violência na perspectiva histórica e sociológica de Gilberto Freyre em “Casa Grande e Senzala”
title_short A violência na perspectiva histórica e sociológica de Gilberto Freyre em “Casa Grande e Senzala”
title_sort violencia na perspectiva historica e sociologica de gilberto freyre em casa grande e senzala
topic Violência
colonização
senhores
negros
indígenas
url http://periodicos.claec.org/index.php/relacult/article/view/884
work_keys_str_mv AT leilatombini aviolencianaperspectivahistoricaesociologicadegilbertofreyreemcasagrandeesenzala
AT eduardonunesjacondino aviolencianaperspectivahistoricaesociologicadegilbertofreyreemcasagrandeesenzala
AT leilatombini violencianaperspectivahistoricaesociologicadegilbertofreyreemcasagrandeesenzala
AT eduardonunesjacondino violencianaperspectivahistoricaesociologicadegilbertofreyreemcasagrandeesenzala