A natureza do homem como fronteira (methórios) em Fílon de Alexandria e Gregório de Nissa
O exame do termo methórios na obra de Gregório de Nissa mostra que há uma inequívoca dependência de Filon de Alexandria. Gregório não o utiliza jamais para designar nem a continuidade da matéria e do espírito, no sentido estoico, nem a do espírito e do divino, no sentido platônico. Ele não admite co...
Main Author: | |
---|---|
Format: | Article |
Language: | English |
Published: |
Editora Universitária Champagnat - PUCPRESS
2012-05-01
|
Series: | Revista de Filosofia |
Online Access: | https://periodicos.pucpr.br/index.php/aurora/article/view/619 |
_version_ | 1797332760947326976 |
---|---|
author | Bento Silva Santos |
author_facet | Bento Silva Santos |
author_sort | Bento Silva Santos |
collection | DOAJ |
description | O exame do termo methórios na obra de Gregório de Nissa mostra que há uma inequívoca dependência de Filon de Alexandria. Gregório não o utiliza jamais para designar nem a continuidade da matéria e do espírito, no sentido estoico, nem a do espírito e do divino, no sentido platônico. Ele não admite continuidade em nenhum desses casos. Não obstante a condição de queda, o homem é dotado de espírito: isso fez com que ele se colocasse como ponto de demarcação (methórios) entre a matéria e o espírito. Em Gregório, porém, há um elemento novo em relação à tradição: para ele, o homem é methórios entre o mundo inteligível e o mundo sensível não enquanto representa uma transição de um ao outro (do sensível para o inteligível, como na tradição platônica), mas enquanto representa características opostas e irredutíveis. Nesse sentido, na qualidade de fronteira ou demarcação (methorios) entre duas realidades opostas, a liberdade humana enquanto tal deve escolher entre o bem e o mal. Em outras palavras: o que Gregório assevera não é tanto nem principalmente o fato de que o homem pertence às duas esferas, mas, antes de tudo, que este é livre para inclinar- -se para uma parte ou para outra parte. É, portanto, a liberdade que prevalece. Tal liberdade é considerada em sua qualidade essencial: voltar-se ora para o sensível, ora para o inteligível. |
first_indexed | 2024-03-08T07:52:59Z |
format | Article |
id | doaj.art-a7d6d3f640264407adcf795269c0a2d4 |
institution | Directory Open Access Journal |
issn | 0104-4443 1980-5934 |
language | English |
last_indexed | 2024-03-08T07:52:59Z |
publishDate | 2012-05-01 |
publisher | Editora Universitária Champagnat - PUCPRESS |
record_format | Article |
series | Revista de Filosofia |
spelling | doaj.art-a7d6d3f640264407adcf795269c0a2d42024-02-02T14:35:20ZengEditora Universitária Champagnat - PUCPRESSRevista de Filosofia0104-44431980-59342012-05-01243559761310.7213/revistadefilosofiaaurora.7520619A natureza do homem como fronteira (methórios) em Fílon de Alexandria e Gregório de NissaBento Silva Santos0Universidade Federal do Espírito SantoO exame do termo methórios na obra de Gregório de Nissa mostra que há uma inequívoca dependência de Filon de Alexandria. Gregório não o utiliza jamais para designar nem a continuidade da matéria e do espírito, no sentido estoico, nem a do espírito e do divino, no sentido platônico. Ele não admite continuidade em nenhum desses casos. Não obstante a condição de queda, o homem é dotado de espírito: isso fez com que ele se colocasse como ponto de demarcação (methórios) entre a matéria e o espírito. Em Gregório, porém, há um elemento novo em relação à tradição: para ele, o homem é methórios entre o mundo inteligível e o mundo sensível não enquanto representa uma transição de um ao outro (do sensível para o inteligível, como na tradição platônica), mas enquanto representa características opostas e irredutíveis. Nesse sentido, na qualidade de fronteira ou demarcação (methorios) entre duas realidades opostas, a liberdade humana enquanto tal deve escolher entre o bem e o mal. Em outras palavras: o que Gregório assevera não é tanto nem principalmente o fato de que o homem pertence às duas esferas, mas, antes de tudo, que este é livre para inclinar- -se para uma parte ou para outra parte. É, portanto, a liberdade que prevalece. Tal liberdade é considerada em sua qualidade essencial: voltar-se ora para o sensível, ora para o inteligível.https://periodicos.pucpr.br/index.php/aurora/article/view/619 |
spellingShingle | Bento Silva Santos A natureza do homem como fronteira (methórios) em Fílon de Alexandria e Gregório de Nissa Revista de Filosofia |
title | A natureza do homem como fronteira (methórios) em Fílon de Alexandria e Gregório de Nissa |
title_full | A natureza do homem como fronteira (methórios) em Fílon de Alexandria e Gregório de Nissa |
title_fullStr | A natureza do homem como fronteira (methórios) em Fílon de Alexandria e Gregório de Nissa |
title_full_unstemmed | A natureza do homem como fronteira (methórios) em Fílon de Alexandria e Gregório de Nissa |
title_short | A natureza do homem como fronteira (methórios) em Fílon de Alexandria e Gregório de Nissa |
title_sort | natureza do homem como fronteira methorios em filon de alexandria e gregorio de nissa |
url | https://periodicos.pucpr.br/index.php/aurora/article/view/619 |
work_keys_str_mv | AT bentosilvasantos anaturezadohomemcomofronteiramethoriosemfilondealexandriaegregoriodenissa AT bentosilvasantos naturezadohomemcomofronteiramethoriosemfilondealexandriaegregoriodenissa |