Mecanismo Friccional de Sulcagem

Nota-se que diversos fenómenos de rotura e desgaste observados no contacto e deslizamento entre materiais geológicos, tais como a sulcagem das superficies de contacto, não parecem poder explicar-se apenas com base nos mecanismos de fricção de travamento (Coulomb, 1781), de adesão (Terzaghi, 1925) o...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Úlpio Nascimento
Format: Article
Language:Spanish
Published: Universidade de Coimbra 1982-02-01
Series:Geotecnia
Online Access:https://impactum-journals.uc.pt/geotecnia/article/view/11612
Description
Summary:Nota-se que diversos fenómenos de rotura e desgaste observados no contacto e deslizamento entre materiais geológicos, tais como a sulcagem das superficies de contacto, não parecem poder explicar-se apenas com base nos mecanismos de fricção de travamento (Coulomb, 1781), de adesão (Terzaghi, 1925) ou de rotura frágil (Byerlee, 1967). Refere-se a sugestão de Jaeger (1971) de que além de tais mecanismos ocorrerá também um outro, de fractura em superficies relativamente planas, o que é evidenciado quando o deslizamento se dá entre materiais de diferente dureza e o mais duro risca, estria ou sulca o mais mole. Considera-se, por um lado, o que se passa na fricção entre metais de diferente dureza, em que o mecanismo de sulcagem está perfeitamente identificado, e cuja resistência friccionai é a soma de duas parcelas: uma, independente da sulcagem, que satisfaz a lei de Amontons, e outra, proporcional à secção transversal dos sulcos, que não satisfaz aquela lei (Bowden & Tabor, 1950).  E considera-se, por outro lado, os estudos de Nishimatsu (1972) relativos ao corte de rochas pelas máquinas de perfuração de túneis, em que o corte da rocha se faz com ferramentas que abrem sucessivos sulcos contíguos. Deduziu-se assim que a resistência tangencial a vencer pela máquina também é a soma de uma parcela independente dos sulcos, que satisfaz a lei de Amontons, com outra que é proporcional à profundidade dos sulcos, ou seja à sua secção transversal. A analogia dos dois mecanismos, o da fricção metálica, microscópico, e o do corte de rochas, macroscópico, sugere que a fricção entre materiais geológicos seja também determinada pelo mesmo mecanismo. E, sendo assim, o coeficiente de fricção de tais materiais, quando haja sulcagem, será também a soma duma parcela satisfazendo a lei Amontons, independente dos sulcos portanto, com outra que é proporcional à secção transversal destes.
ISSN:0379-9522
2184-8394